O Linfoma de Células do Manto (LCM) é um subtipo incomum e agressivo do grupo de linfomas não-Hodgkin, não sendo considerado uma doença homogênea, mas sim uma entidade com variado espectro de apresentação clínica e molecular. Atualmente, existem diversas opções de tratamento disponíveis que atingem uma melhor resposta e consequente aumento da sobrevida global; como: quimioterapia, imunoterapia, Transplante de Células-Tronco (TCTH) e anticorpos biespecíficos. Dentre elas, faz-se necessário citar o TCTH que é indicado em primeira remissão nos pacientes portadores de Linfoma do Manto considerados elegíveis. Nesse âmbito, o objetivo deste estudo é compilar dados referentes aos 14 pacientes que foram submetidos ao TCTH autólogo no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), localizado em Fortaleza-CE a fim de sedimentar a importância do TCTH autólogo como terapia com potencial curativo para o LCM.

Para este estudo, foi realizada uma análise retrospectiva com dados oriundos da internação e de consultas ambulatoriais de pacientes com diagnóstico de LCM que foram submetidos ao TCTH autólogo entre 2019‒2023. Foram coletados dados como: gênero, idade média, regimes de condicionamento, estadiamento ao diagnóstico, mortalidade e comorbidades.

A partir da coleta de dados, foram avaliados 14 pacientes, com uma idade média de 52,8 anos, variando entre 39 e 68 anos, com uma importante predominância do sexo masculino (87%) e uma pequena participação do sexo feminino (13%). No âmbito das comorbidades, 14% destes pacientes eram portadores de HAS e 7% possuíam Diabetes mellitus. O regime de condicionamento LACE (Lomustina, Citarabina, Ciclofosfamida e Etoposide) foi utilizado em 93% dos transplantados e 7% (1 paciente) realizou condicionamento com o regime BUMEL (Bussulfano e Melfalano), pois era portador de doença renal crônica dialítica. Até a presente data, 2 pacientes evoluíram a óbito, e 1 paciente teve recaída cerca de 2 anos após o transplante autólogo, sendo submetido a transplante alogênico aparentado com remissão completa.

Nesse cenário, vale destacar uma prevalência importante de pacientes do sexo masculino (87%), de meia idade (média de 52,8 anos) que, por estarem aptos, foram submetidos ao TCTH após a primeira remissão. Todos os pacientes obtiveram resposta completa ao TCTH; solidificando dados da literatura em que demonstram o TCTH como opção terapêutica com potencial de cura e aumento da sobrevida global para pacientes elegíveis, em primeira remissão após quimioterapia de indução. A taxa de mortalidade tardia de aproximadamente 13% não foi relacionada ao procedimento, e a taxa de recaída de 7% caracteriza o TCTH como opção terapêutica efetiva e com baixa taxa de complicações.

O LCM é um linfoma não-Hodgkin de manifestação heterogênea, podendo apresentar um comportamento agressivo e devastador. Nesse mesmo sentido, faz-se necessário um arsenal de possibilidades terapêuticas, como o TCTH, que possibilitem o aumento da sobrevida global e possível cura nesse subgrupo de pacientes. No entanto, são necessários estudos com maior número de pacientes e maior tempo de observação para melhor caracterização da resposta desta neoplasia ao TCTH autólogo.