O HTLV-I/II pode ser transmitido através de relação sexual desprotegida com maior eficiência de transmissão de homem para mulher, compartilhamento de seringas entre usuários de drogas injetáveis, transfusão sanguínea, transplante de órgãos e de mãe para filho, por via placentária, durante o parto e, principalmente, por aleitamento materno. A infecção ocorre mais frequentemente em mulheres e aumenta com a idade. No Brasil, a triagem sorológica para o HTLV-I/II nos bancos de sangue tornou-se obrigatória a partir de novembro de 1993. Segundo Ministério da Saúde, a soroprevalência do HTLV- I/II entre os doadores de sangue brasileiro é de 0,48% sendo 1,35% em Salvador. Portanto, Salvador apresentava a mais elevada prevalência da infecção causada pelo HTLV-I no Brasil.

Foi realizado um estudo retrospectivo a partir de outubro de 2019 até junho 2023, 54.903 doações de sangue submetidas a triagem sorológicas foram analisadas, com objetivo de verificar a soroprevalência do HTLV- I/II nos doadores de sangue do Vita Hemoterapia da Bahia.

Das 54.903 doações de sangue analisadas no período (63% homens e 37% mulheres), 42.937 (78%) foram doações de 1ª vez e 11.969 (22%) foram de doadores que efetuaram mais de uma doação durante o período de estudo. Dessas doações, 76 (0,14%) foram reativos na triagem sorológicos para o HTLV-I/II (Quimio), sendo que a soroprevalência no sexo masculino foi de 0,11% e. no sexo feminino 0,19%. Todos os doadores reativos foram convocados para coleta de uma nova amostra para repetição e confirmação do resultado anterior. Destes, 30 (39,5%) retornaram para uma nova avaliação. As amostras foram testadas pela técnica de Quimioluminescência, sendo que as amostras reagentes foram repetidas em duplicata e confirmadas. Dos 30 doadores que retornaram 12 (40%) foram homens e 18 (60%) mulheres. O perfil dos doadores reagentes para HTLV-I/II foi de doadores de primeira doação e com idade entre 20 e 40 anos.

Segundo os dados do Ministério da Saúde a prevalência do HTLV-I em Salvador é de 1,35%. Entretanto a análise dos resultados acima mostra uma prevalência do vírus HTLV-I/II na população de doadores do Vita Hemoterapia da Bahia igual a 0,14%. Durante o período de estudo, a média das doações reagentes na triagem sorológica no Banco de sangue do Vita Hemoterapia da Bahia foi de 2,4%, deve-se levar em consideração que os novos kits diagnósticos têm reduzido significativamente o número de resultados falso positivos. Observou-se uma soroprevalência ligeiramente maior nos doadores do sexo feminino. Como no Brasil, geralmente os doadores de sangue são do sexo masculino e adultos jovens, essa prevalência pode estar subestimada.