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Vol. 44. Issue S2.
Pages S200-S201 (October 2022)
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SÍNDROMES MIELODISPLÁSICAS
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SÍNDROME VEXAS E A RELAÇÃO DE DISTÚRBIOS AUTOINFLAMATÓRIOS COM DOENÇAS HEMATOLÓGICAS
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AS Limaa, ACON Luzb, AM Carvalhoa, MM Mourania, LFB Cattoa, F Gutierrez-Rodriguesb, NS Youngb, CS Souzaa, FR Oliveiraa, RT Caladoa
a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil
b National Heart, Lung and Blood Institute, National Institutes of Health (NIH), Bethesda, Estados Unidos
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Vol. 44. Issue S2
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Objetivos

Utilizando abordagem diagnóstica baseada no genótipo, em 2020, Beck et al. descreveu pela primeira vez a síndrome VEXAS (vacuoles, E1 enzyme, X-linked, autoinflammatory, somatic), decorrente da expansão de clone contendo mutação somática no gene UBA1, no cromossomo X. A mutação resulta em alteração da isoforma funcionante da enzima UBA1, responsável pelo início da cascata de ubiquitinação. O estudo identificou 25 homens com UBA1 variante (p.Met41), todos com presença de vacúolos em células da medula e alta incidência de doenças hematológicas, como síndrome mielodisplásica (SMD) e mieloma múltiplo, além de doenças autoinflamatórias, lesões de pele, infiltrados pulmonares, episódios tromboembólicos. Descrevemos o primeiro caso brasileiro de síndrome VEXAS em um homem de 65 anos com queixas de dois anos de artralgia de grandes articulações, policondrite recidivante e lesões de pele, além de trombose mesentérica e dissecção de tronco celíaco. Na investigação de anemia macrocítica e trombocitopenia, o mielograma demonstrou diseritropoese, o cariótipo foi 46, XY e o diagnóstico foi de SMD com displasia de linhagem única. Havia vacúolos múltiplos nas células mieloides.

Materiais e métodos

sequenciamento genético de nova geração de células do sangue periférico.

Resultados

O sequenciamento mostrou a variante genética p.Met41Leu no gene UBA1 com frequência alélica (VAF) de 0.513, confirmando o diagnóstico de síndrome VEXAS. Outras mutações somáticas mieloides comuns na SMD foram detectadas: TET2 (c.3955-1G>A, VAF 0,33 e c.3443A>G, VAF 0,06), DNMT3A (c.890G>A, VAF 0,33) e SF3B1 (c.2098A>G, VAF 0,04). Não foi detectada a presença de gamopatia monoclonal neste caso.

Discussão

A associação de VEXAS com mutações mieloides é pouco compreendida e o presente caso demonstra clara associação entre essas alterações genéticas somáticas. Desde a descrição inicial da síndrome VEXAS, outros grupos mostraram novas variantes do mesmo gene resultando também na doença. O prognóstico ruim e a ausência de um tratamento ideal resultaram em estudos retrospectivos na tentativa de definir a melhor conduta. A rápida descrição de novos casos sugere que VEXAS seja comum e hematologistas devem estar atentos ao diagnóstico ao analisar o mielograma.

Conclusão

A síndrome VEXAS tem potencial para ser a doença índex na criação de uma nova classe de doenças hematológicas que possuem estado autoinflamatório associado e conseguem explicar a já descrita associação de doenças hematológicas com a reumatologia e dermatologia. Além disso, apesar de rara, ela certamente ainda é subdiagnosticada e pouco conhecida.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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