O presente trabalho busca relatar a experiência dos ligantes da Liga Acadêmica de Hematologia da Universidade de Brasília (LAHem) na participação de um estágio em hospital particular em Brasília, enfatizando o impacto da prática na formação acadêmica e profissional dos estudantes, em âmbitos de conhecimento, tanto técnico-científico, quanto emocional.

O estágio foi realizado no Hospital DF Star, em Brasília, e ocorreu durante o período de férias acadêmicas de maneira optativa para os ligantes da LAHem. Participaram dois ligantes por vez, com duração de uma semana para cada dupla.

Durante o período, a dupla era separada e cada ligante participava dos programas alternando a cada dia. As atividades do estágio consistiam em acompanhar um médico hematologista na rotina da enfermaria de transplante de células-tronco hematopoiéticas, no ambulatório de hematologia geral, na enfermaria de infusão de quimioterapia e no banco de sangue associado ao hospital. Cada ambiente trouxe ensinamentos diversos sobre as doenças, exames diagnósticos, opções terapêuticas, além de maior contato com tecnologias de difícil acesso no SUS. Além do aprendizado pessoal para os ligantes, foi evidenciado um aumento dos interessados em participar da LAHem, com o aumento do número de inscritos no processo seletivo da Liga. Além disso, a LAHem conseguiu uma aproximação com médicos do hospital, o que contribuiu para a busca de palestrantes para as reuniões e aumento da produção científica.

Os estágios práticos do curso de medicina da UnB, assim como da maioria das faculdades, ocorrem em hospitais públicos, que por vezes podem ter recursos aquém do ideal para a prática da Hematologia. A oportunidade de conhecer outros serviços, com recursos diagnósticos e terapêuticos avançados, levou os estudantes a compreenderem o grande arsenal terapêutico moderno na Onco-Hematologia, como as drogas alvo e os CAR-T cells. Com tantos recursos à disposição, os alunos têm a oportunidade de ampliar suas perspectivas em relação à prática ideal da medicina, em um ambiente que consegue materializar o foco na humanização do paciente. Sob a perspectiva dos profissionais da saúde, o ambiente do estágio conta com uma equipe multidisciplinar de alto nível técnico e fortemente integrada, o que enriquece noções de trabalho em equipe na área da saúde. Além disso, foi possível entrar em contato com patologias raras, que dificilmente seriam vistas no estágio comum da graduação. O estágio possibilitou contato com pacientes graves e seus familiares, que gerou importante desenvolvimento emocional aos estudantes. Em especial aos ligantes que pensam em seguir carreira na área de Hematologia e Hemoterapia, o estágio foi imprescindível para entender a realidade da rotina do médico hematologista, assim como entender as oportunidades no mercado de trabalho.

O relato supracitado demonstra as contribuições de aprendizado para os acadêmicos da LAHem, tanto no quesito de se aproximar mais da área de Hematologia quanto observar as possibilidades diagnósticas e terapêuticas fora do ambiente de hospital público universitário. O estágio contribuiu na formação acadêmica dos participantes em vários domínios, seja no conteúdo teórico, com exposição a grande diversidade de casos, mas também na formação profissional em aprender a atuação médica em outro ambiente.