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Vol. 45. Issue S4.
HEMO 2023
Pages S568 (October 2023)
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HEMO 2023
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RELATO DE CASO: LESÃO PULMONAR AGUDA RELACIONADA À TRANSFUSÃO EM UM LACTENTE COM CHOQUE SÉPTICO FOCO CUTÂNEO
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AMR Pinheiroa, RS Florêncioa, CCAAM Mirandab, MGP Araújob, AKA Arcanjob
a Universidade Estadual do Ceará (UECE), Fortaleza, CE, Brasil
b Centro Universitário Inta (UNINTA), Sobral, CE, Brasil
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Vol. 45. Issue S4

HEMO 2023

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Objetivos

Revisar a bibliografia acerca da Lesão Pulmonar Aguda Relacionada à Transfusão (TRALI).

Material e métodos

Revisão de prontuário de um paciente com TRALI confirmado.

Resultados

Lactente de dois meses deu entrada em um hospital terciário do interior do Ceará com choque séptico foco cutâneo devido à infecção fúngica em área de fraldas que culminou em disfunção cardiorrespiratória e hematológica. Na admissão, já apresentava pancitopenia e sangramento em vias aéreas, sendo necessário múltiplas hemotransfusões com hemácias, plaquetas e plasma fresco congelado. Após essas transfusões, paciente encontrava com infecção controlada, sem sobrecarga hídrica, confirmada por ecocardiograma e RX de tórax, bem como controle hídrico rigoroso e evoluiu com Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo Grave com hipoxemia refratária ao tratamento ofertado (posição prona e altos parâmetros de ventilação mecânica não invasiva). Apresentando imagem radiológica sugestiva de TRALI evoluindo com disfunção de múltiplos órgãos e sistemas, evoluindo para o óbito.

Discussão

TRALI é uma síndrome que se caracteriza por desconforto respiratório agudo que ocorre durante a transfusão ou até seis horas após a sua conclusão, sem evidência anterior de lesão pulmonar associado a hipoxemia, a infiltrados bilaterais na radiografia de tórax frontal e nenhuma evidência de sobrecarga circulatória. Qualquer hemocomponente que contenha plasma pode desencadear TRALI. Essa síndrome é considerada uma complicação rara da transfusão sanguínea, cuja incidência ainda não está bem estabelecida, em parte devido à dificuldade em se realizar o diagnóstico e ao fato de que os mecanismos de notificação ainda não estão bem difundidos. A fisiopatologia da TRALI ainda não está completamente esclarecida e, até o momento, vários mecanismos possíveis foram propostos, entre eles: inflamação, ativação de plaquetas e diapedese de neutrófilos, culminando em edema alveolar. Entre os vários mecanismos fisiopatológicos propostos, dois modelos se destacam. O primeiro de origem imunológica, que se pauta por uma ativação de neutrófilos pela infusão de anticorpos anti-HLA (antígenos leucoplaquetários) ou anti-HNA (antígenos neutrofílicos) advindos do plasma do doador; e o de origem não imunológica, que defende que, durante a estocagem dos hemoderivados, há degradação celular que libera moléculas inflamatórias que, por sua vez, desencadeiam a TRALI. O tratamento consiste em medidas de suporte ventilatório que vão desde a oxigenoterapia suplementar até a ventilação mecânica e cuidados de terapia intensiva. Nesse último grupo de pacientes a morbidade é alta, podendo alcançar uma taxa de mortalidade alta, de 5% a 10%. Devido ao fato de a disfunção pulmonar aguda ser um achado inespecífico, TRALI é um diagnóstico de exclusão, essencialmente clínico e dependente de alto grau de suspeição.

Conclusão

Apesar de ser um evento raro, a TRALI pode culminar com o óbito. Dessa forma, toda hemotransfusão deve ser avaliada os riscos-benefícios, pelas possíveis reações transfusionais. Dessa forma, a educação continuada com a aplicação sistemática dos protocolos pode diminuir transfusões desnecessárias e bem como as complicações a elas associadas.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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