Avaliar a prevalência de soropositividade para HTLV (vírus T-linfotrópico humano) I/II em doadores atendidos pelo Hemocentro Dalton Cunha – Hemonorte no Rio Grande do Norte (RN) no período de 01 de março de 2020 a 28 de fevereiro de 2022 visando possibilitar planejamentos da saúde pública em sua linha de base.

Foi realizado um estudo transversal utilizando base de dados do programa HEMOVIDA. Os resultados colhidos foram obtidos por imunoensaio realizados por técnica de quimiluminescência através do equipamento Architect ABBOTT. Os soros dos doadores foram testados para identificação de anticorpos específicos anti-HTLV I e II e, caracterizou positividade quando reagente para qualquer um dos sorotipos pesquisados.

Dentre as 110.322 amostras analisadas, 175 foram reagentes. Desta forma, define-se que há uma prevalência de 0,15% entre os doadores atendidos pelo Hemonorte no período definido.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o HTLV-1 é agente etiológico da leucemia de célula T do adulto (ATLL). Mas além da ATLL, outras doenças estão associadas à infecção pelo HTLV-1: manifestações neurológicas como a paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV-1 (PET/MAH) que cursa com uma diminuição progressiva da força dos membros inferiores, incontinência urinária e infecções urinárias de repetição; manifestações oftalmológicas como uveíte associada ao HTLV-1 (UAH); manifestações cutâneas como dermatite infecciosa associada ao HTLV (DIH), desordens psiquiátricas, dentre outras. O Brasil é o país com o maior número absoluto de casos de HTLV no mundo. Estimativas do Ministério da Saúde apontam entre 700 mil e 2 milhões de pessoas estão infectadas. Em todo território Nacional, a Portaria n°1.376 do MS obriga a pesquisa de anticorpos anti-HTLV-I/ II nos serviços de hemoterapia. O resultados desses doadores vai muito além da prevenção de transmissão pela transfusão sanguínea; essa testagem pode ser a única ferramenta de diagnóstico de infecção pelo vírus em todo um seio familiar, visto que as principais vias de transmissão são pelo ato sexual e amamentação.

No Rio Grande do Norte, o único laboratório que realiza o exame do HTLV -I e II é laboratório de sorologia do Hemonorte. A maioria dos estudos de prevalência do HTLV I/II advém de doadores de sangue; no Brasil a prevalência é de 0,47%. Quando analisamos a porcentagem encontrada no Hemonorte (0,15%), observa-se que o Rio Grande do Norte está abaixo da média nacional. Apesar das mulheres gravidas não serem doadoras e, consequentemente, não são testadas no Hemonorte, é possível realizar um mapeamento da incidência por meio dos dados obtidos de doadores/parceiros com o objetivo de conscientizar as autoridades de saúde pública em buscar medidas de conter a transmissão.