Determinar a prevalência das glicoproteínas presentes no HIV identificados na rotina do Laboratório de Sorologia do Hemocentro de Botucatu/HCFMB.

O presente trabalho refere-se a um estudo retrospectivo do resultado sorológico de HIV 1/2 obtido através do Registo de Bancada do teste Imunoblot Rápido DPP®HIV 1/2 Bio-Manguinhos de amostras da rotina do Laboratório de Sorologia do Hemocentro do HCFMB. O período avaliado correspondeu aos anos de janeiro de 2019 a dezembro de 2022, totalizando 1.150 testes realizados. A análise estatística das variáveis foi realizada pelo programa SAS (versão 9.4), considerando o nível de 5% de significância (p<0,05) e cálculo da frequência e prevalência das glicoproteínas.

Destaca-se as reações de maior prevalência aos conjuntos de glicoproteínas GP1 (gp160, 120, 41 e p24), concernindo 71,0% a prevalência total e cujo maior valor foi correspondente à 26,9% no ano de 2021 e GP2 (gp160, 120 e 41), concernindo 15,3% a prevalência total e cujo maior valor foi correspondente à 31,0% no ano de 2020, evidenciando maior prevalência do HIV-1. Ao comparar os valores obtidos no mesmo grupo de glicoproteínas ao longo dos anos, observou-se que o conjunto GP1 (gp160, 120, 41 e p24) apresentou prevalência significativamente menor (p=0,0327) no ano de 2020 (20,6%). Essa mesma performance foi observada para o conjunto GP2 (gp160, 120 e 41) no ano de 2022 (15,5%, p=0,022, e para as reações não reagentes no ano de 2019 (28,5%, p=0,0001). Alto índice de prevalência para as amostras não reagentes ao longo dos quatro anos estudados (26,5%) fotam encontrados.

A maior prevalência encontrada para o HIV-1 é algo consonante com a literatura, sendo ele caracterizado pela grande prevalência ao redor do mundo e sua alta imunogenicidade, o que dificulta o seu tratamento e erradicação. Tal fator é potencializado ao analisar o ciclo de replicação do HIV-1 e alguns medicamentos indicados para o tratamento da doença. Quanto ao primeiro, segundo a literatura, gp160, gp120, gp41 e p24 são glicoproteínas essenciais para o reconhecimento do vírus e sua entrada na célula alvo, em que estão relacionados com a fusão das membranas viral e celular, ligação aos receptores de quimiocinas, promoção de fixação mais estável do vírus, penetração do material genético do vírus e produção de partículas virais infecciosas. Assim, infere-se sua enorme atuação para o desenvolvimento de infecções. Quanto ao segundo, embora os medicamentos apresentem alta potencialidade hodiernamente, a persistência e grande mutagenicidade do HIV se contrapõem ao tratamento, principalmente na presença de gp120 e gp41. Ademais, o alto índice de prevalência para as amostras não reagentes evidencia um estado de alerta em relação à sensibilidade do teste, uma vez que todas as amostras foram consideradas positivas ou próximas ao limite inferior de positividade pelo laboratório de estudo através do equipamento Architect HIV AG/Ab Combo, Abbot, sob valores de referência adotados (≥0,9 a 1,5).

Os conjuntos de glicoproteínas de maior prevalência encontrados na rotina do Laboratório de Sorologia correspondem às GP1 (gp160, 120, 41 e p24) e GP2 (gp160, 120 e 41), entre os anos de 2019 a 2022, caracterizando a prevalência do HIV tipo 1.