HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
More infoO câncer é um dos principais problemas de saúde pública no mundo, configurando-se como a segunda principal causa de morte globalmente. Em 2022, foram estimados 20 milhões de novos casos e 9,7 milhões de óbitos por essa doença no mundo, com expectativa de ultrapassar 28 milhões de casos até 2040, segundo a International Agency for Research on Cancer (IARC, 2023). No Brasil, o cenário não é diferente, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) projeta mais de 700 mil novos casos anuais entre 2023 e 2025. Embora o foco recaia com frequência sobre tumores sólidos, os cânceres hematológicos representam uma parcela significativa dos casos. A quimioterapia é uma das principais abordagens terapêuticas dessas doenças, estando amplamente disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Dada a relevância epidemiológica do câncer e a necessidade de organização dos serviços de atenção oncológica, torna-se essencial conhecer o perfil dos pacientes que recebem essa terapia, especialmente em regiões específicas como o Triângulo Sul de Minas Gerais, que abrange importantes centros hospitalares e acadêmicos como o Hospital de Clínicas da UFTM e o Hospital Doutor Hélio Angotti.
ObjetivosCaracterizar o perfil epidemiológico de pacientes com neoplasias hematológicas submetidos à quimioterapia no Triângulo Sul entre os anos de 2013 e 2025, com base em variáveis como sexo, faixa etária, tempo de tratamento, ano de atendimento e estabelecimentos de diagnóstico e tratamento.
Material e métodosTrata-se de um estudo descritivo, transversal e retrospectivo, baseado em dados secundários registrados no Brasil entre 2013 e 2025, no Sistema de Informação Ambulatorial do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SIA/DATASUS). Foram analisados 736 registros de sessões de quimioterapia realizadas na macrorregião Triângulo Sul de Minas Gerais entre os anos descritos. As variáveis avaliadas incluíram sexo, faixa etária, tempo de tratamento (em dias), ano de atendimento, e instituições de diagnóstico e tratamento. Os dados foram expressos em frequências absolutas e relativas. Observou-se predominância do sexo masculino (53,7%) entre os pacientes. As faixas etárias mais frequentes foram de 65 a 69 anos (12,0%), 60 a 64 anos (11,4%) e 0 a 19 anos (10,2%). Em relação ao tempo de tratamento, pouco mais da metade duraram até 30 dias (56,5%), enquanto 25,3% ultrapassaram 60 dias. Os anos com maior volume de tratamentos foram 2022 e 2023, ambos com 10,2% dos registros. Em relação aos estabelecimentos, a maioria dos atendimentos foi realizada no Hospital de Clínicas da UFTM (56,3%) e no Hospital Doutor Hélio Angotti (26,9%). A Fundação Pio XII de Barretos respondeu por 14,5% dos atendimentos, evidenciando a centralização regional em centros especializados.
Discussão e conclusãoO estudo revelou o predomínio de homens idosos entre os pacientes submetidos à quimioterapia no Triângulo Sul, refletindo o envelhecimento da população com câncer no país. A centralização dos tratamentos em poucos hospitais indica possível desigualdade no acesso, sobretudo em municípios menores. A alta proporção de tratamentos de curta duração pode estar associada à quimioterapia ambulatorial, mortalidade precoce ou abandono terapêutico, exigindo investigação complementar. Esses achados destacam a importância de estratégias regionais mais eficazes de prevenção, diagnóstico precoce e seguimento. O uso dados do DATASUS mostra-se viável para apoiar o planejamento da atenção oncológica e a formulação de políticas públicas baseadas em evidências.




