A transfusão de sangue é um procedimento hemoterápico de suporte que consiste na infusão de hemocomponentes no paciente, com objetivo de restaurar ou manter as condições clínicas. Apesar dos benefícios, a terapia transfusional não é livre de riscos, podendo ocorrer Reações Transfusionais (RTs), as quais podem ser classificadas quanto ao tipo, tempo de aparecimento, gravidade e correlação à transfusão. Atualmente, há dificuldade em saber a frequência real das RTs, devido à subnotificação. Em junho de 2022 foram implementadas ações de auxílio à hemovigilância na Agência Transfusional do Hospital da Região Leste (AT-HRL): registro dos sinais vitais pré e pós-transfusionais e visita pós-transfusional beira leito após 24 horas da transfusão, em complementação à busca ativa de RTs no prontuário eletrônico, a fim de diminuir a subnotificação.

Comparar o perfil das reações transfusionais notificadas no HRL antes, no período de agosto 2021 a maio de 2022, e depois, no período de junho de 2022 a março de 2023, da implementação das ações de auxílio à hemovigilância pela equipe da AT. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética, CAAE: 70091723.6.0000.5553.

Estudo retrospectivo, transversal e descritivo com dados das planilhas Hemoprod e formulários NOTIVISA do HRL, no período de agosto de 2021 a março de 2023, os quais foram agrupados e tratados em planilhas do programa Microsoft Office Excel para análise estatística.

De agosto de 2021 a maio de 2022 foram notificadas 6 reações transfusionais, sendo 5 (83%) tardia e 1 (17%) imediata do total de 2.006 transfusões de sangue no HRL, equivalente a 0,30%. O perfil das RTs foi 5 (83%) aloimunização com correlação confirmada e 1 (17%) Reação Febril Não Hemolítica (RFNH) com gravidade leve e correlação provável. O perfil dos pacientes foi 5 do gênero masculino e 1 do gênero feminino, todos acima de 18 anos. O hemocomponente envolvido nas RTs foi o concentrado de hemácias. Após adoção de medidas de apoio à hemovigilância, no período dos meses de 2022 a março de 2023, foram notificadas 26 reações transfusionais, sendo 73% imediata e 27% tardia, do total de 1729 transfusões, equivalente a 1,5%. O perfil das RTs foi quanto ao tipo: 12 (46%) RFNH, 7 (27%) aloimunização, 5 (19%) alérgicas, 1 (4%) TACO e 1 (4%) anafilática; quanto a gravidade: 88% leve, 4% moderada e 8% grave; correlação: 31% confirmada, 27% provável e 42% possível. O perfil dos pacientes foi 54% do gênero masculino e 46% do gênero feminino, sendo 2 com idade inferior a 18 anos e 24 com idade superior a 18 anos. Os hemocomponentes envolvidos nas RTs imediatas foram 29 concentrado de hemácias, 4 plasma fresco congelado e 2 concentrado de plaquetas.

Atualmente, a taxa de subnotificação é avaliada conforme sistema de hemovigilância francês (3 RTs/1000 transfusões). No período do estudo, antes da implementação das ações de apoio de hemovigilância pela AT, observa-se tendência à subnotificação, pois a taxa de notificação de RTs foi 0,30%, com predomínio de RTs tardias. Após a implementação das ações, a taxa de notificação foi 1,5% com aumento na identificação de reações transfusionais imediatas e prevalência de RFNH, o que corrobora com a literatura.

Isto posto, o estudo demonstrou que ações de apoio à hemovigilância nas agências transfusionais podem auxiliar na identificação de RTs, diminuindo a taxa de subnotificação, e promoção de melhor segurança transfusional.