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Vol. 44. Issue S2.
Pages S234-S235 (October 2022)
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OSTEONECROSE DE MANDÍBULA E IMATINIBE EM PACIENTE COM LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA
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JS Lima, CBDS Sola, DC Setubal, VAM Funke
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil
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Objetivos

O mesilato de imatinibe (MI) é um inibidor seletivo de tirosina quinase que atua impedindo a proliferação celular da linhagem de células mieloides que expressam o gene BCR-ABL, sendo usado no tratamento de Leucemia Mieloide Crônica (LMC) com a translocação t(9; 22). A osteonecrose da mandíbula (ONM) pode ocorrer espontaneamente ou após trauma, extração dentária, radioterapia de cabeça e pescoço ou terapia com agentes antirreabsortivos. Há somente um caso descrito de ONM espontânea relacionada ao uso crônico de MI. O objetivo deste relato é apresentar um caso raro de uma paciente brasileira com ONM espontânea relacionada ao uso crônico de MI no tratamento de LMC.

Descrição do caso

Paciente do sexo feminino, 54 anos, diagnosticada com LMC em 1996. Recebeu transplante de medula óssea alogênico aparentado em 1997, evoluindo com recaída pós-transplante em 2000. Recebeu 2 infusões de linfócitos do doador em setembro de 2000 e março de 2001, respectivamente. Em setembro de 2001, iniciou tratamento com mesilato de imatinibe na dose de 600 mg/dia, evoluindo com resposta molecular completa e BCR-ABL indetectável. Em dezembro de 2018, a paciente compareceu ao serviço odontológico para exodontia dentária, já apresentando área de necrose e exposição óssea na região posterior esquerda da mandíbula. Foi realizada a extração dentária e o debridamento da região com sucesso. Em julho de 2019, foi observada nova área de necrose óssea na mesma região. Foram realizadas exodontia e debridamento novamente, e biópsia óssea, cujo laudo demonstrou osteomielite crônica intensa e ausência de malignidade. A paciente evoluiu com nova exposição óssea na mesma região e discretos episódios de sangramento. Uma nova tentativa de debridamento e fechamento da ferida foi realizada, porém sem sucesso. A dose do imatinibe foi reduzida para 400 mg/dia em setembro de 2021, com melhora do quadro após a redução da dose. A paciente nega uso prévio de agentes antirreabsortivos e radioterapia de cabeça e pescoço.

Discussão

A paciente deste relato fez uso crônico do MI na dose de 600 mg/dia para o tratamento de LMC e se apresentou a um serviço odontológico já com área de exposição óssea e necrose tecidual de difícil cicatrização em curso em uso somente de MI, sem histórico de uso prévio de agentes antirreabsortivos ou radioterapia. Houve um intervalo de 17 anos entre o início do tratamento com MI e o diagnóstico de ONM. Há somente um caso descrito de ONM em paciente em uso de MI sem uso prévio de agentes antirreabsortivos no qual um procedimento dentário parece ter precipitado a ONM e somente um caso descrito de ONM espontânea relacionada ao uso crônico de MI na ausência de outros fatores de risco. Estudos recentes sugerem que o imatinibe tenha um papel importante na remodelação óssea e possa ser considerado como um potencial fator de risco para a ONM.

Conclusão

Este trabalho apresentou um caso raro de ONM espontânea relacionada ao uso crônico de MI, na ausência de outros fatores de risco relacionados à ocorrência da ONM. Mais estudos são necessários para elucidar a potencial relação do uso de MI com a ONM.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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