O objetivo deste estudo consiste em relatar o trabalho do Enfermeiro Residente em Hematologia e Hemoterapia frente ao uso de tecnologia não invasiva em saúde para aferição de multiparâmetros fisiológicos na triagem clínica do doador de sangue.

Trata-se de um relato de caso acerca do uso de tecnologia não invasiva em saúde, durante triagem clínica do doador de sangue realizado por enfermeiras residentes do Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti. A partir do rodízio dos cenários do serviço de hematologia e hemoterapia em que enfermeiros atuam, a triagem clínica do doador de sangue tem grande protagonismo da enfermagem, apesar das instituições em saúde poderem utilizar-se de outras categorias profissionais para sua realização. No Hemocentro Coordenador do Estado do Rio de Janeiro, a triagem clínica é realizada por profissional de enfermagem de ensino superior. Tal fato denota o conhecimento que tal profissional detém durante o processo. A partir da inserção das residentes de enfermagem no serviço, surge a inquietação sobre as potencialidades, benefícios e contrapontos em relação ao uso do Tensor MTX-HEMO – validado previamente à institucionalização de seu uso, com responsabilidade técnica da Cnoga Medical Ltda., a partir de análise fotográfica do tecido capilar, sem a necessidade de coleta de amostras de sangue invasivas e dolorosas, alocado na ponta do dedo anelar avalia diversos bioparâmetros em curto tempo, como: pulso; oximetria de pulso (SpO2%); pressão arterial (PA); hemoglobina (Hb); hematócrito (Ht); dióxido de carbono (CO2); débito cardíaco, volume sistólico, índice cardíaco (CO/SV/CI); PCO2/PO2; pH; contagem de células vermelhas (RBC); viscosidade sanguínea (BV) e pressão arterial média (PAM). Dentre os resultados analisados pelo monitor portátil, quatro dados são os mais relevantes para o nosso serviço de hemoterapia, que afetam diretamente, inclusive, em critérios de inaptidão clínica do doador, como: PA, pulso e Hb.

A priori, no estado do Rio de Janeiro, a referida instituição é um dos poucos serviços públicos a utilizar esta tecnologia. Visto a responsabilidade do serviço de hemoterapia, pode inferir-se que, a partir da demanda no fluxo de triagem clínica, têm-se como benefícios a satisfação do cliente, como um ponto importante para fidelização, já que, na triagem clínica não há mais um procedimento que possa causar dor, como os hemoglobinômetros habituais.

Vale ressaltar a credibilidade de associar às instituições do Sistema Único de Saúdenovas tecnologias em saúde que trazem benefícios e qualidade da prestação de serviços dentro do sistema público, inclusive com menos tempo de espera no atendimento. Em contrapartida, percebeu-se que utilizar o aparelho traz consigo a obrigatoriedade de treinamento da equipe de enfermeiros responsáveis pela triagem clínica, a fim de compreender o modo de uso, particularidades, fatores que podem interferir no pleno funcionamento do dispositivo, limpeza e cuidados para seu armazenamento.

Enquanto enfermeiras, a implantação da nova tecnologia otimizou o tempo dentro do processo de trabalho, demonstrou-se seguro tanto para aferição de parâmetros fisiológicos quanto para a erradicação dos riscos biológicos de origem ocupacionais. Contudo, faz-se imprescindível o treinamento da equipe quanto ao manejo correto, bem como, manutenção e guarda do dispositivo. Declara-se que não há conflito de interesse.