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Vol. 45. Issue S4.
HEMO 2023
Pages S359 (October 2023)
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NEUROPATIA ASSOCIADA A VINCRISTINA EM PACIENTE COM LINFOMA DE BURKITT: RELATO DE CASO
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JGM Lusvarghi, BMA Pacheco, ABS Fonseca, ACP Nascimento, AMDS Pinheiro, HC Amaral, RMSD Reis, FF Ribeiro, JAOD Reis
Irmandade do Hospital da Santa Casa de Poços de Caldas, Poços de Caldas, MG, Brasil
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Vol. 45. Issue S4

HEMO 2023

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Objetivo

Esse relato de caso visa demonstrar a associação da vincristina, um importante fármaco utilizado no tratamento de linfomas, com neuropatia periférica.

Relato de caso

Masculino, 31 anos, portador de HIV em tratamento regular, com diagnóstico de Linfoma de Burkitt. Realizou citorredução, utilizando dexametasona 40 mg por 4 dias e vincristina 1 mg em dose única. Após 3 dias evoluiu com fraqueza muscular, principalmente em membro inferior esquerdo. Realizada punção liquórica e tomografia de crânio, ambas normais e avaliado pela neurologia que suspeitou de síndrome do segundo neurônio motor. Paciente deu continuidade ao tratamento com o protocolo CODOX-M-IVAC, que utiliza doxorrubicina, ciclofosfamida, citarabina, metotrexato e vincristina. Na primeira etapa do tratamento, manteve os sintomas associados à síndrome do segundo neurônio motor, porém na segunda fase do protocolo houve piora significativa dos sintomas, sendo necessário sua descontinuação. Realizou eletroneuromiografia que evidenciou polineuropatia periférica, predominantemente motora, de padrão misto (axonal e desmielinizante) de evolução crônica com sinais de denervação recente nos nervos fibular direito e esquerdo. Devido a polineuropatia periférica ocasionada pela vincristina, o protocolo CODOX-M-IVAC foi suspenso, dando lugar ao DAEPOCH (etoposídeo, ciclofosfamida, doxorrubicina), sem administração da vincristina. Após a troca do protocolo e realização de fisioterapia, o paciente apresentou melhora importante dos sintomas. Segue em consulta ambulatorial, mantendo boa resposta ao tratamento (PET-CT Deauville 2), mesmo sem a utilização da vincristina.

Discussão

O linfoma de Burkitt é um linfoma não-Hodgkin agressivo de células B e, devido a alta taxa mitótica, faz-se necessário instituir uma terapia agressiva. Foi proposto o protocolo CODOX-M-IVAC que incluem dentre outros fármacos a vincristina, que inibe a formação de microtúbulos no fuso mitótico, resultando na parada da divisão celular durante a metáfase. Essa inibição microtubular causa alteração no citoesqueleto neuronal, em fibras não mielinizadas e mielinizadas. Podem ocorrer de forma secundária ao dano axonal, redução da espessura da bainha de mielina, desmielinização segmentar e redução do espaço internodal, ocasionando diminuição ou perda dos reflexos tendíneos profundos, parestesia, fraqueza muscular, alterações sensitivas, dor neuropática, manifestações disautonômicas. Após a suspensão do fármaco nota-se uma melhora dos sinais e sintomas sensoriais. Portanto perante a gama de sinais e sintomas apresentados pelo paciente decorrentes da utilização da vincristina e seu constante agravamento fez-se necessário a omissão desta medicação de qualquer protocolo utilizado.

Conclusão

Portanto, concluímos que a polineuropatia periférica com predominância motora, cuja sintomatologia envolveu a atividade dos nervos fibular direito e esquerdo do paciente relatado, ocorreu devido ao efeito colateral da vincristina (droga incluída no protocolo quimioterápico de primeira linha para Linfoma de Burkitt). Esta ação neuronal deve ser aventada em pacientes com sintomas neurológicos em uso desta medicação, devido a sua ação em citoesqueleto neuronal, alterações na bainha de mielina e interferências na condução axonal, indicando a suspensão imediata deste componente caso sintomas.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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