O linfoma folicular é a forma mais comum de Linfoma Não-Hodgkin (LNH) no Brasil, correspondendo a cerca de 20% dos casos de todos os linfomas. Esta neoplasia surge de células do centro germinativo e está intimamente associada a translocações envolvendo alterações em IgH e BCL2 nos cromossomos 14 e 18. O presente estudo visa divulgar o caso de um paciente em tratamento de LNH folicular grau 3A, com uma apresentação não-habitual, salientando a importância de uma equipe multidisciplinar bem instruída, com o objetivo de disseminar o conhecimento científico acerca desta doença.

Coleta e análise da história clínica do paciente, a partir de entrevista e exames prévios. Ademais, foram realizadas pesquisas nas bases de dados SciELO e MEDLINE, a fim de investigar e analisar os diversos aspectos acerca do LNH folicular e possíveis casos semelhantes ao relatado neste estudo.

Paciente masculino, 25 anos, sem doenças prévias e com avô materno diagnosticado com câncer de próstata. Procurou serviço de saúde devido ao aparecimento de pequenos e dolorosos nódulos axilares, imóveis e com secreção purulenta, sendo diagnosticado e tratado como infecção bacteriana. Após 5 meses, evoluiu, sem melhora, com o surgimento de um novo nódulo grande e indolor, na parte inferior interna direita da cavidade oral, dificultando a mastigação. Retornou ao serviço de saúde, sendo encaminhado ao odontologista, que indicou uma biópsia. Paciente relata redução dos nódulos axilares e excisão do bucal. O resultado da imunohistoquímica foi positivo para os anticorpos CD20, CD10 e BCL6 nas células neoplásicas; CD3 em linfócitos T reativos e índice proliferativo (KI67) de 80% nos folículos. Diagnosticou-se LNH folicular grau 3A, prosseguindo para o serviço médico especializado. A partir disso, foi preconizado o tratamento quimioterápico, o qual o paciente ainda realiza.

O linfoma folicular apresenta-se de forma característica como linfadenopatia indolor, generalizada, em adultos de meia-idade, sendo raros em pacientes mais jovens. No entanto, por mais que haja uma apresentação clássica dos linfomas, esta pode variar, com achados não-característicos, fazendo assim, necessária uma equipe multidisciplinar capacitada e engajada. No caso descrito, a alteração nodular foi observada inicialmente pelo odontologista, que encaminhou para a biópsia, permitindo um diagnóstico preciso e direcionando o plano terapêutico do paciente.

A partir desta apresentação e das variáveis analisadas neste trabalho, é fato que os linfomas podem se manifestar diversamente. Logo, faz-se evidente a necessidade de um grande engajamento entre os diversos profissionais da equipe médica e também do setor odontológico, concretizando uma equipe multidisciplinar sólida e efetiva, para que diagnósticos mais precisos possam ser realizados e que haja melhora no prognóstico e na sobrevida dos pacientes.