A legislação vigente para serviços de hemoterapia do Brasil determina a realização de testes laboratoriais de alta sensibilidade para os marcadores de infecções transmitidas por transfusão como as sorologias para HIV, HTLV, Hepatite C (HCV), Hepatite B (HBV), Sífilis, doença de Chagas, malária nas regiões consideradas endêmicas e os testes de ácidos nucléicos (NAT) para HIV, HBV e HCV.

Avaliar o descarte por sorologia positiva de doadores de sangue do Banco de Sangue de Brasília no período de outubro de 2021 a julho de 2022.

Estudo retrospectivo através de levantamento de dados dos sistemas informatizados do Grupo GSH e LIAC.

Entre outubro de 2021 a julho de 2022 foram testadas 6.701 amostras de doadores de sangue do Banco de Sangue de Brasília e o descarte sorológico foi de 2,04%. Os marcadores com os maiores descartes em todos os meses foram sífilis (1,01%) e Anti-HBc (0,79%) e os com os menores descartes foram HCV e HbsAg (0,01% e 0,04%, respectivamente). Os demais marcadores apresentaram valores medianos comparados com os anteriores: Chagas (0,08%), HTLV (0,06%), HIV (0,04%). A metodologia utilizada em todos os testes foi a Quimioluminescência e os testes foram realizados pelo laboratório LIAC localizado no Rio de Janeiro-RJ, Brasil.

A triagem laboratorial de doadores de sangue evoluiu nas últimas décadas com o surgimento de testes cada vez mais sensíveis e capazes de reduzir a janela sorológica das principais infecções transmitidas por transfusão como as hepatites B, C e HIV e hoje consiste em etapa fundamental para garantir a segurança e qualidade transfusional. Realizamos um levantamento dos principais motivos de descarte sorológico dos doadores de sangue e aféreses do Banco de Sangue de Brasília desde a sua inauguração em outubro de 2021 para melhor conhecimento deste perfil e poder realizar análises comparativas após maior tempo de funcionamento.

Evidenciamos que os principais marcadores de inaptidão sorológica no Banco de Sangue de Brasília no período analisado foram sífilis e anti-Hbc e que tivemos poucos descartes por Chagas, HTLV e HIV. É necessário maior tempo de estudo para melhor caracterização das inaptidões sorológicas dos doadores de sangue do Banco de Sangue de Brasília.