Relacionar os principais motivos de descarte de plasmas por motivos não sorológico.

O presente trabalho é um estudo retrospectivo que utilizou dados disponibilizados no sistema informatizado Real Blood (TDSA), que apontam o índice de motivos de descartes de plasma por motivos não sorológicos no período de janeiro a dezembro de 2022 no Banco de Sangue São Paulo (Grupo GSH).

De acordo com o levantamento de dados foram produzidas no período 37.158 bolsas de plasmas, dessas 20.090 (56,27%) foram descartadas. O quantitativo dos descartes com maior prevalência foram respectivamente: 13.444 (36,18%) plasma feminino (bolsas de sangue total doadas por mulheres), 3.594 (9,67%) plasma excedente (não utilizado para fins de armazenamento/distribuição), 1.417 (3,81%) plasma com baixo volume, 760 (2,05%) plasma com lipemia, 1001 (2,7%) por intercorrências na produção, 584 por controle de qualidade e 109 (0,29%) por validade.

Os resultados apontam que o mais alto índice de descarte foi por plasma feminino isso porque o plasma doado por mulheres pode causar uma reação transfusional no receptor conhecida como TRALI (transfusion related acute lung injury), uma lesão pulmonar considerada grave provocada por anticorpos gerados durante a gestação o anti-HLA. Com isso mulheres que tiveram mais de duas gestações incluindo aborto espontâneo ou não podem apresentar uma quantidade significativa desses anticorpos. Em seguida temos um segundo maior descarte por plasma excedente devido à alta produção de bolsas em relação a quantidade de transfusões solicitadas pelos hospitais atendidos. A terceira causa prevalente foi plasma com baixo volume proveniente de bolsas coletadas de sangue total respeitando a proporção peso e altura (legislação vigente) do candidato. O descarte de plasma com lipemia demonstra a falta de orientação aos doadores em relação a ingestão de alimentos não gordurosos no dia da doação. Os outros motivos de descartes especificados por: intercorrências na produção devido a provável falha humana; envio para a determinação do controle de qualidade conforme dados de produção (legislação vigente) e validade sem muito impacto significativo por ser um hemocomponente com duração de até 1 ano (mantendo em <-20°C).

Após quantificar parcialmente os motivos de descarte não sorológicos de plasma se faz necessário conhecer e avaliar os critérios empregados na produção, a fim otimizar as ações na gestão dos processos o que irá permitir a readequação de métodos da rotina, para que o padrão de qualidade final seja alcançado.