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Vol. 44. Issue S2.
Pages S196-S197 (October 2022)
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DIAGNÓSTICO OCASIONAL DE LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA EM PACIENTE COM DOENÇA DE GRAVES: UM RELATO DE CASO
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FM Barbosa, P Brunieira, CA Longui, C Kochi, NC Sá, AC Silva, LMV Brighenti, DB Ennes, M Pizza, KT Kobashikawa
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
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Vol. 44. Issue S2
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Introdução

A doença de Graves é a causa mais comum de hipotireoidismo em crianças, responsável por mais de 90% dos casos. Seu tratamento inclui o uso de drogas antiteroideanas, como metimazol, tapazol. Sabe-se que essas medicações podem causar citopenias; e devido aos seus efeitos colaterais, o iodo radiotivo tem-se estabelecido como alternativa de tratamento em hipertireoidismos recorrentes.

Caso

Paciente do sexo feminino, 13 anos, diagnosticada em março de 2020 com doença de Graves. Iniciou tratamento com metimazol em abril de 2020 com duração até junho de 2021, porém, devido ao difícil controle do hipertireoidismo, optou-se por indicar tratamento com iodo radioativo. Após tratamento com iodo paciente manteve sinais de hipertireoidismo, o que levou a manutenção do uso de metimazol para controle dos sintomas. Em março de 2022 paciente evolui com febre, constipação, dor abdominal, sudorese exacerbada, hipertensão e aumento da circunferência cervical. Paciente foi então internada, para compensação da doença de base e, em seu primeiro hemograma foi identificado pancitopenia e optado pela suspensão do metimazol, considerando o mesmo como uma possibilidade de agente causal. Foi introduzido Colestiramina e outro iodo radioativo foi realizado. Dois dias após este último tratamento, paciente evolui com quadro de crise tireotóxica (palpitação, náusea, dor abdominal difusa e visão borrada). Foram realizados novos exames e observado leucocitose (73 mil leucócitos/mm3) com presença de blastos. Optou-se pela realização de um mielograma que identificou 80% de blastos em medula óssea, e imunofenotipagem compatível com diagnostico de Leucemia Linfoide Aguda (LLA).

Discussão

A doença de Graves é uma condição rara em crianças, apesar de ser a causa mais comum de hipertireoidismo nessa faixa etária. Comumente inicia-se o tratamento com drogas antireoidianas, porém em alguns casos de difícil controle, tratamentos definitivos como radio iodo e cirurgia de remoção de da tireoide podem ser necessários. As drogas antireoideanas tem efeitos colaterais hematológicos notados em literatura, porém a descrição de agranulocitose e pancitopenia é raramente encontrada. No caso deste relato, o uso do metimazol foi fator confusional no posterior diagnóstico de LLA, considerando o efeito colateral de pancitopenia da droga antireoideana, mesmo que raro. Contudo, a anemia severa e plaquetopenia encontradas na paciente não era compatível com esses efeitos colaterais esperados. Em relação ao uso de iodo radioativo, não encontramos associação com LLA na literatura, porém, há descrições de casos de Leucemia Mieloide Aguda em pacientes que realizaram esse tipo de tratamento em câncer de tireoide. Entretanto, no caso relatado devido ao curto periodo pós exposição e primeiros sinais da leucose, além da leucemia de linhagem linfoide, não acreditamos que o radioiodo tenha sido fator associado ao diagnostico oncológico.

Conclusão

Trata-se de um caso incomum e, portanto, de difícil diagnostico. Trazer a discussão para casos como esse alertam para suspeição de diagnósticos diferencias, evitando demora no diagnóstico e tratamento de pacientes que possam ter casos semelhantes, melhorando a evolução dos mesmos.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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