A triagem clínica engloba a avaliação da história do candidato à doação de sangue no âmbito clínico e comportamental, sendo fundamental para promover a segurança do doador e do receptor. Embora haja ampla divulgação, muitos candidatos ainda desconhecem as principais causas de inaptidão clínica, de modo que quando identificadas, podem gerar frustração pelo impedimento temporário ou definitivo de doar sangue. Este estudo teve como objetivo construir uma tecnologia educativa sobre os critérios básicos para a doação de sangue, visando reduzir as inaptidões clínicas.

Trata-se de um estudo metodológico, em desenvolvimento, que visa a construção de uma tecnologia educativa voltada à orientação dos candidatos à doação de sangue de um Hemocentro Público do Distrito Federal. Será utilizado um questionário autoaplicado de resposta binária. Realizou-se a definição dos objetivos e da população-alvo da tecnologia supracitada.

A tecnologia será constituída por um questionário de resposta binária (sim e não), baseado nas principais causas de inaptidão clínica verificadas no serviço de hemoterapia em estudo, considerando a legislação vigente. O questionário será encaminhado ao candidato à doação de sangue, 24 horas antes da doação, por meio de aplicativo de mensagem. A população-alvo será composta por candidatos à doação de sangue total, seja ele fidelizado, esporádico ou de primeira vez, com idade maior ou igual a 18 anos, que possuam acesso a aparelho celular. Esta tecnologia será conectada ao sistema de agendamento utilizado pela instituição. Quando detectada alguma inaptidão, o candidato à doação de sangue será encaminhado automaticamente para as orientações pertinentes elencadas no site da instituição. Além disso, o doador poderá remarcar a doação de sangue, caso alguma inaptidão clínica temporária seja identificada. Haverá também a disponibilização do telefone da instituição para que dúvidas adicionais sejam esclarecidas.

A tecnologia de questionário autoaplicado ao candidato, antes da doação de sangue, poderá reduzir a proporção de inaptidão clínica institucional e proporcionar uma melhor experiência para o doador. Destaca-se que a incorporação dessa tecnologia não substituirá a triagem clínica, que deve ser realizada por profissional de nível superior, em ambiente restrito, e englobar uma avaliação mais profunda e qualificada das condições de saúde e hábitos de vida do doador. Estudos demonstram que se faz necessário o aprimoramento na disponibilização de informações aos doadores. Nesse contexto, a padronização de protocolos e desenvolvimento estratégias informativas, como a proposta pelo presente estudo, são fundamentais para otimizar o uso de recursos nos hemocentros, reduzir as inaptidões clínicas evitáveis, aumentar a satisfação do doador e melhorar os estoques de sangue.

A construção da tecnologia educativa proposta neste estudo pode otimizar o serviço de triagem clínica, melhorar a experiência do doador e ampliar o conhecimento da população sobre a doação de sangue, com consequente melhoria dos estoques de sangue. Sugere-se continuidade do estudo, com a posterior validação desta tecnologia educativa.