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Vol. 42. Issue S2.
Pages 429-430 (November 2020)
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CASOS DE HEMOCULTURAS FALSO-POSITIVAS
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G.T. Nunes, G.G. Santos, N.F.D. Rosário
Fundação Pró-Hemorio, Rio de Janeiro, RJ, Brazil
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Objetivos: Considerando a importância do diagnóstico correto e as implicações das hemoculturas falso-positivas, este trabalho tem como objetivo quantificá-las e discutir sobre suas possíveis causas.Metodologia: Trata-se de um estudo retrospectivo envolvendo resultados de hemoculturas falso-positivas de pacientes do HEMORIO no período entre agosto de 2018 e agosto de 2019. Os critérios para inclusão foram as hemoculturas que tiveram resultado positivo pelo sistema automático de detecção microbiana, em pelo menos um dos frascos e não foram identificados microrganismos pelo método de Gram e com ausência de crescimento na placa de meio de cultura após 48 horas. Resultados: Foram encontradas 17 hemoculturas falso-positivas no período descrito, representando 0,82% do total. A média de idade desses pacientes foi 41,1±20,4 anos. Em relação ao sexo, 9 pacientes do sexo masculino (52,9%) e 8 do sexo feminino (47,1%). De acordo com hemograma, 7 com hemoculturas falso-positivas (41,2%) apresentavam leucocitose acentuada, 3 pacientes (17,6%) apresentavam leucocitose moderada, 4 pacientes (23,5%) estavam leucopênicos e 3 (17,6%) com leucometria normal. Discussão: Outros estudos já descreveram esse tipo de evento associado a pacientes com leucemia aguda apresentando leucocitose com aumento de blastos. Entretanto, não há trabalho mostrando esse dado em pacientes com doença falciforme. Os outros dez casos de falsa-positividade de hemoculturas podem ter sido por erro no volume de sangue coletado ou acidose metabólica. Quando o volume inserido na garrafa de hemocultura é maior do que o preconizado pelo fabricante, aumenta a proporção de sangue em relação ao meio de cultura, bem como a liberação de CO2. Entretanto, não foi possível determinar o motivo de cada uma delas devido à falta de oportunidade de avaliação de outras variáveis analíticas de alta complexidade. Nesse estudo, observamos que um dos pacientes com leucocitose moderada apresentou também acidose metabólica identificada pela gasometria arterial. As doenças de base mais prevalentes foram LMC e doença falciforme (23,5%), seguidas pela LMA (17,6%), LNH (17,6%) e hipoplasia/aplasia de medula óssea (5,9%) e LLA (5,9%). Desses pacientes, 7 (41,2%) em uso de antineoplásicos. Além disso, a maioria (60%) ocorreu em frascos aeróbios, sendo observado que em dois pacientes a falsa positividade ocorreu nos dois frascos (aeróbio e anaeróbio). O trabalho possui algumas limitações. Uma delas foi a impossibilidade de rastrear o volume de sangue em cada frasco de hemocultura nos dados retrospectivos, sendo identificado excesso de volume em apenas um caso por ser recente. Outra limitação foi a ausência de resultados de gasometria em todos os pacientes estudados, uma vez que não havia indicação clínica quando a coleta de sangue para hemocultura foi realizada. Conclusão: Os resultados descritos podem contribuir para a redução de gastos desnecessários com antimicrobianos, diminuição do tempo de internação e da administração inadequada de antimicrobianos, aumento da eficiência do tratamento farmacológico, possibilita o início do tratamento de leucorredução mais rapidamente. Assim como poder orientar o raciocínio na resolução de casos falso-positivos em hospitais com pacientes hematológicos. Além disso, sugere um direcionamento para a capacitação de profissionais na coleta e processamento de hemoculturas e revela a importância do conhecimento sobre a doença de base dos pacientes e do trabalho integrado.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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