Fatores socioeconômicos, idade, histórico familiar, entre outros, podem estar associados ao desenvolvimento e severidade da leucemia linfoide aguda (LLA), neoplasia maligna que mais atinge crianças no mundo todo.

Investigar fatores clínico-epidemiológicos relacionados aos pacientes pediátricos com diagnóstico de leucemia linfoide aguda.

Estudo descritivo realizado em uma fundação referência no diagnóstico e tratamento de leucemia do estado do Amazonas, envolvendo casos novos de LLA, com pacientes de 1 a 18 anos incompletos, no período de janeiro a julho de 2024. A coleta de dados iniciou após o diagnóstico médico e assinatura do TCLE; foram coletados dados clínico-epidemiológicos através de análise do prontuário e questionário feito aos responsáveis.

Houve 19 casos novos de LLA, dos quais 94,7% correspondiam à LLA-B, e 5,2% à LLA-T. 2 pacientes foram a óbito, com diagnóstico referente a cada uma das linhagens, sendo ambos do sexo masculino. Houve maior incidência no sexo masculino correspondendo a 73,6% dos casos, as idades variaram de 1 a 16 anos. Dos 15 pacientes admitidos na pesquisa, 53,3% eram do interior do estado; 86,6% da zona urbana; 46,6% possuíam renda familiar menor que 1 salário-mínimo. 66,6% possuíam histórico familiar de câncer.

O melhor prognóstico da LLA é encontrado em crianças com idade de 1 a 10 anos, em subtipo de células precursoras da linhagem B, e ainda apresenta maior frequência no sexo masculino, com histórico familiar de câncer e em populações urbanas. Neste estudo, observou-se o maior número de casos oriundos do interior do estado, apesar de grande parte ser da zona urbana. Este fato demonstra o desafio que o paciente enfrenta para receber o diagnóstico e iniciar o tratamento, devido à grande distância dos municípios para a capital, enfrentando longas horas de viagem de barco, muitas vezes em condições inadequadas para o paciente. Para isso, precisam de apoio do município para TFD, levando em consideração a baixa renda familiar e a consequente dificuldade e mudança da dinâmica familiar para se manter durante o longo período de tratamento.

Considerando a gravidade da leucemia e os fatores que envolvem o diagnóstico e o tratamento quimioterápico, são necessários mais estudos em saúde pública na Amazônia para identificar o perfil destes pacientes e promover estratégias de apoio, principalmente de populações do interior, de forma a melhorar o cuidado e a qualidade de vida das crianças oncohematológicas.