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Vol. 44. Issue S2.
Pages S188 (October 2022)
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CANDIDÍASE BOLHOSA DISSEMINADA – RARA APRESENTAÇÃO DE INFECÇÃO FÚNGICA INVASIVA NUM PACIENTE COM LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA
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ACLD Nascimento, PK Souza, JZMD Nascimento, JDA Rocha, LFA Camargo, FGB Chaves, CP Marques, AL Oliveira, ACV Lima, N Hamerschlak
Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), São Paulo, SP, Brasil
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Vol. 44. Issue S2
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Introdução

Pacientes em quimioterapia estão sujeitos a complicações relacionadas à terapêutica, sendo a neutropenia uma das toxicidades mais graves. Nesse contexto de imunossupressão, a infecção fúngica invasiva se torna um evento de alto risco a ser investigado.

Relato de caso

Paciente feminina, 58 anos, com diagnóstico de Leucemia Mieloide Aguda (LMA), com mutações de alto risco (DNMT3A, RUNX1, FLT3 ITD), recebeu tratamento de indução com esquema 3+7 (idarubicina + citarabina) e midostaurina. Após indução, apresentou neutropenia febril, evoluindo com choque séptico por Candida tropicalis, sensível a equinocandinas, por provável foco inicial na região vulvar. Iniciado tratamento com micafungina. Dois dias após apresentou piora clínica e o aparecimento de inúmeras microvesículas com conteúdo claro, eritematopurpúricas, isoladas, raramente confluentes, disseminadas por todo corpo. Realizado biópsia da lesão cutânea e coletado material da secreção vesicular para culturas de fungos e bactérias. Os resultados foram compatíveis com uma infecção fúngica, sendo visto o fungo no fragmento de pele e isolado uma Candida tropicalis na cultura da secreção. Evoluiu com quadro grave, instabilidade clínica, embolia séptica para pulmões e sistema nervoso central. Optou-se por transfusão de granulócitos e troca terapêutica para caspofungina associado anfotericina B por 5 dias, seguido de caspofungina por 20 dias. As lesões cutâneas involuíram progressivamente. Apresentou melhora clínica e hemodinâmica, recebendo alta hospitalar após 4 meses para prosseguimento de terapêutica para LMA.

Discussão

No contexto de doenças hematológicas, terapia quimioterápica e a consequente neutropenia, o risco de uma infecção fúngica invasiva é elevado. Segundo Hachem et al., os microrganismos mais comuns nesses cenário são: C.glabrata e C. krusei. A disseminação hematogênica pode atingir diversos órgãos, levando a manifestações cutâneas, oculares, renais, valvares e até neurológicas. As manifestações cutâneas mais relacionadas com a candidemia são descritas como lesões papulosas disseminadas. A apresentação bolhosa foi raramente descrita anteriormente, mas no contexto de imunossupressão deve sempre ser aventada. Mesmo com hemoculturas negativas, o diagnóstico pode ser confirmado a partir da biópsia cutânea e cultura da secreção da vesícula. Suster & Rosen, em relato semelhante, descreveram um quadro de lesões bolhosas, confluentes, hemorrágicas, pós quimioterapia para linfoma de células T mediastinal com hemoculturas negativas e cultura da lesão positiva para com Candida tropicalis. A mortalidade de quadros de choque séptico por candidemia com terapêutica adequada pode chegar a 64%.

Conclusão

A manifestação cutânea bolhosa por Cândida, apesar de rara, é possível, e surge num cenário de agravamento da disseminação hematogênica da infecção, sendo associado a altas taxas de mortalidade.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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