Muitas vezes o transplante de medula óssea (TMO) é a única opção de tratamento para pacientes com doenças hematológicas e neoplasias. Atualmente, cerca de 650 pacientes estão em busca de um doador não aparentado no Brasil, sendo que as chances de encontrar um doador compatível podem chegar a 0,001%. Porém, nos últimos 4 anos o índice anual de voluntários cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME) vem caindo, tornando essencial ações de captação de novos voluntários. O presente trabalho objetiva descrever os resultados da campanha de incentivo ao cadastro voluntário no REDOME realizado pela Liga do Sangue (LiSan) da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) em parceria com o Setor de Imunologia de Transplantes do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).

Inicialmente, a LiSan realizou a divulgação da ação por meio da rede social Instagram, produzindo posts e stories informativos que alcançaram 2.003 contas (226% a mais que o alcance habitual). Além disso, houve divulgação da campanha (com arte personalizada) via site institucional da universidade, compartilhamento de e-mails divulgados a toda comunidade interna, seguida de uma ação presencial no campus, realizada pelos ligantes, utilizando panfletos e banners sobre o assunto, a fim de incentivar e esclarecer dúvidas. A campanha foi realizada no dia 27 de abril, das 12h às 19h horas, na praça central do campus da UFCSPA. Os indivíduos compareceram voluntariamente para cadastramento no REDOME sendo aplicado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Foram coletadas 228 amostras de sangue venoso, encaminhadas para o HCPA para tipagem do sistema HLA. Ao total, foram cadastrados 228 candidatos à doação de medula no REDOME. Além disso, os doadores foram convidados a preencher um formulário online via QR Code (não obrigatório), com o objetivo de avaliar seus conhecimentos prévios e motivações sobre doação de medula óssea.

Dentre os 228 participantes, 108 (47,4%) responderam ao questionário. Desses, 68,5% participantes afirmaram desconhecer o funcionamento do cadastro de doador (sendo informados durante a realização da campanha), 59,3% afirmaram conhecer o processo de obtenção da medula óssea, 22,2% responderam que tiveram conhecimento através da LiSan e 18,5% responderam não conhecer plenamente o procedimento. Ainda, 60,7% dos voluntários afirmaram que provavelmente não realizariam o cadastro se a campanha não tivesse acontecido no campus da universidade, considerando como maiores impeditivos o deslocamento até o local de coleta (hospitais ou hemocentros) e a desinformação sobre o processo.

Assim, percebe-se a necessidade de educar a população para promover informação acerca do cadastro no REDOME, a importância para os pacientes e o processo da doação a fim de alcançar novos voluntários.