Inaptidões clínicas em serviços de coleta de sangue correspondem a recusas de candidatos.Atualmente, as metodologias de diagnóstico das doenças transmissíveis pelo sangue e triagem clínica adequada na seleção dos candidatos à doação de sangue tornaram a prática hemoterápica mais segura. O candidato deve passar pela triagem clínica que inclui uma entrevista socioepidemiológica a fim de selecionar aquele que for saudável, de modo que seja produzido o melhor produto hemoterápico possível, minimizando descartes indevidos, além de avaliar riscos para o doador. O presente estudo tem como objetivo levantar as principais causas de inaptidão do candidato à doação de sangue no hemonúcleo da Vita Hemoterapia localizado na cidade de Belo Horizonte.

Fez-se a análise exploratória com dados do período de janeiro de 2019 a dezembro de 2022, coletados através do sistema informatizado utilizado pela instituição. Trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo e de caráter quantitativo.

Entre o período de janeiro de 2019 a dezembro de 2022, 88.027 candidatos à doação de sangue compareceram ao hemonúcleo da Vita Hemoterapia -Belo Horizonte. Destes, 18.891 indivíduos foram definidos como inaptos após a triagem clínica, o que perfaz 21,4% dos comparecimentos.  Destes, 9584 (50,7%) sexo masculino e 9307 (49,2 %), com idade variando entre 16 a 70 anos, sendo que a faixa etária predominante ocorreu entre 19 a 29 anos. As cinco principais causas de recusa identificadas nesse período foram: contato sexual eventual (12,91%), comportamento [temporário] (12,21%), uso de medicamentos (10,23%), procedimentos estéticos [acupuntura, piercing, tatuagem e maquiagem definitiva] (7,69%) e exclusão de segurança (6,04%).

As causas de inaptidão mais prevalentes foram compatíveis com achados de literatura, sendo que o comportamento sexual ainda é a principal causa de recusa na fase pré-doação. Não identificamos uma maior prevalência de inaptos entre homens ou mulheres, bem como discrepâncias em relação à faixa etária.

As causas de inaptidão de doadores de sangue devem ser analisadas a fim de garantir intervenções para minimizar os possíveis impactos da não doação, seja do ponto de vista do doador como da instituição. Cada centro de coleta deve conhecer o perfil de seus doadores e propor ações coordenadas para prevenir e reduzir a prevalência da inaptidão à doação de sangue.