Caracterizar as indicações de Plasmaférese Terapêutica (PT) em pacientes de hospital de hematologia e hemoterapia de Pernambuco conforme classificação da American Society for Apheresys (ASFA).

Foi realizado estudo descritivo retrospectivo por meio de análise de prontuários do período de janeiro de 2018 a dezembro de 2022. Avaliou-se quantitavio de pacientes, diagnóstico inicial e classificação da ASFA em que I são condições em que a PT é a primeira-linha de tratamento, II a segunda-linha, III doenças nas quais a PT não é totalmente estabelecida e IV situações em que a PT é ineficiente ou danosa.

Durante o período do estudo, 206 enfermos submeteram-se à PT, a qual compôs o tratamento de 17 condições clínicas classificadas conforme a ASFA em: Categoria I ‒ Rejeição de transplante renal por fator humoral (26,21% dos pacientes), púrpura trombótica trombocitopênica (PTT ‒ 12,62%), glomeruloesclerose segmentar focal recorrente no transplante renal (7,2%), síndrome de hiperviscosidade na hipergamaglobulinemia (2,91%), síndrome de Guillain-Barré (2,42%), polirradiculoneurite aguda (0,48%), polineuropatia inflamatória desmielinizante crônica (0,48%), síndrome de Miller-Fisher (0,48%) e encefalite autoimune (0,48%); Categoria II

Distúrbios do espectro da neuromielite óptica (31,06%), mielites (3,8%), esclerose múltipla (3,39%), crioglobulinemia (0,48%); Categoria III

síndrome hemolítico-urêmica (1,94%), granulomatose de Wegener (0,48%), neuromiotonia autoimune (0,48%); Categoria IV

Não foram tradas doenças dessa categoria; a espondilite anquilosante (0,48%) não foi mencionada no documento da ASFA. A PT foi suspensa em 2 (0,97%) pacientes após revisão dos diagnósticos de PTT para síndrome de Evans (categoria III) em um caso e infiltração medular neoplásica no outro, que não é mencionada no guideline da ASFA. Conforme a ASFA e considerando a revisão diagnóstica posterior, 115 (55,82%) diagnósticos corresponderam à categoria I, 82 (39,8%) à categoria II, 7 (3,39%) à categoria III, nenhum à categoria IV e 2 (0,97%) não tiveram correspondência à classificação. Constatou-se que a ocorrência de patologias não classificáveis e de categorias III ficaram restritas aos anos de 2018 e 2019.

A classificação da ASFA foi estabelecida como meio de revisar, atualizar e categorizar as indicações da PT sob os preceitos da medicina baseada em evidências. Após revisão diagnóstica, 197 (95,63%) pacientes apresentaram condições compatíveis com as categorias I e II e o padrão composto exclusivamente por esses grupos entre 2019 e 2022 evidencia uma mudança no perfil de recomendações da intervenção. Contudo, como flagrado no estudo, o diagnóstico dos pacientes e, consequentemente, a indicação da PT podem se mostrar desafiadores ao se considerar hipóteses diagnósticas emergenciais nas quais o início da PT não pode ser retardado.

A recomendação criteriosa da PT é primordial, avaliando-se diagnóstico, embasamento na literatura e risco-benefício clínico, dessa maneira o guideline da ASFA é um importante norteador para o uso racional do procedimento. Observou-se o predomínio de patologias das categorias I e II no período avaliado e ressalta-se a necessidade da realização periódica de levantamentos similares para auto-avaliação do serviço, assim como o preenchimento adequado dos prontuários para o fornecimento de dados aos estudos posteriores.