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Vol. 44. Issue S2.
Pages S409 (October 2022)
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ATENDIMENTO TRANSFUSIONAL A PACIENTE COM ANTI-CH: RELATO DE CASO
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RE Almeida, LB Silva
Grupo Gestor de Serviços de Hemoterapia - Grupo GSH, Brasil
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Vol. 44. Issue S2
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Introdução

A transfusão de sangue é útil ao tratamento de diversas doenças por garantir a sobrevida do paciente enquanto uma condição patológica é enfrentada. Mas para assegurar que o hemocomponente eritrocitário cumpra com o proposito assistencial, testes pré-transfusionais são essenciais. A pesquisa de anticorpos no receptor dirigidos contra os antígenos do doador é fundamental à segurança transfusional por permitir a identificação de anticorpos clinicamente significativos. Mas anticorpos clinicamente insignificantes podem ter impacto transfusional quando responsáveis pelo atraso no atendimento ao paciente e ao interferirem na identificação ou exclusão de aloanticorpos de importância clínica. O grupo sanguíneo Chido e Rodgers são epítopos no componente C4 do Complemento, adsorvidos aos eritrócitos a partir do plasma. Polimorfismos associados a esses epítopos podem levar à formação de anticorpos para os antígenos Chido e Rodgers em doentes transfundidos. Os antígenos Chido (Ch) e Rodgers (Rg) estão presentes em 96%–98% da maioria das populações e não têm sido implicados em RTH e na DHFPN.

Relato do caso

Paciente DFO, 51 anos, sexo masculino, HAS e renal crônico; admitido na instituição hospitalar por quadro diarreico associado a deterioração da função renal. Em consequência da IRC agudizada e infecção, paciente evoluiu com queda da Hematimetria (Hb 6.8 g/dl); sendo transfundido em duas datas diferentes com um total de 3 Concentrados de Hemácias, sem intercorrências (Hb 8,7 g/dl). Paciente permaneceu ainda um mês na instituição para continuidade do tratamento de substituição renal e controle pressórico, porém iniciou precordialgia no tratamento dialítico e Hb 6,9 g/dl, sendo solicitados 2 Concentrados de Hemácias. Na realização de novos testes pré-transfusionais, foi evidenciada a positividade nas duas células de triagem para anticorpos irregulares em gel LISS/Coombs. Os testes de antiglobulina direta (TAD) e autocontrole (AC) foram negativos. Em estudo imuno-hematológico avançado, a identificação de anticorpos irregulares em gel LISS/Coombs (Bio-Rad) demonstrou o mesmo padrão de reatividade (2+) em todas as hemácias, sugerindo a presença de aloanticorpos direcionado a um antígeno de alta frequência. A triagem em NaCl/Enzima foi negativa, o que indicava também a possibilidade de se tratar de um anticorpo contra antígenos do sistema MNS e Duffy. Com os resultados preliminares foi montado um painel a partir de uma Hemateca de células raras, onde se observou falta de reatividade apenas nas células Chido negativo. Adicionalmente, foi aplicada a técnica de neutralização, onde os anticorpos presentes no soro do paciente foram neutralizados por um pool de 4 plasmas frescos de doadores de grupo AB. Na sequência, foi refeita a identificação de anticorpos que revelou ser negativa. Como controle, o soro do paciente também foi diluído em salina na mesma proporção do pool de plasma (para garantir que não houve diluição do anticorpo) e resultado do painel mostrou-se igualmente positivo ao apresentado na triagem. Uma vez identificado o anticorpo, o paciente recebeu uma unidade de Concentrado de Hemácias fenotipado (Ch-) dois dias após a solicitação médica, sem intercorrências, com melhora da sintomatologia e incremento hematimétrico satisfatório (Hb 8.6 g/dl).

Discussão/Conclusão

As características sorológicas indicavam à presença de aloanticorpos de especificidade anti-Ch/Rg no soro do paciente. E o plasma, após inibição, pôde ser utilizado para pesquisar a presença de outros aloanticorpos que poderiam ter sido anteriormente mascarados pelo anticorpo Ch/Rg. Concluímos que, embora não estejam implicados em reações hemolíticas imunológicas agudas e nem na Doença Hemolítica Perinatal, um ensaio técnico-laboratorial acurado garante um atendimento transfusional seguro.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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