O mieloma múltiplo é a segunda neoplasia hematológica mais prevalente no Brasil e no mundo. Esse trabalho busca descrever a epidemiologia de tal enfermidade na região nordeste do país e suas respectivas distribuições por sexo, faixa etária, entre as unidades federativas da região e as modalidades terapêuticas adotadas, entre 2013 e 2022.

Efetuou-se um estudo descritivo transversal acerca dos diagnósticos de mieloma múltiplo na região nordeste do país entre 2013 e 2022. A obtenção de dados ocorreu por meio do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Foram filtradas e combinadas as informações: sexo, faixa etária, região do diagnóstico, unidade federativa do diagnóstico e modalidade terapêutica.

Entre 2013 e 2022, foram reportados 7.123 diagnósticos de mieloma múltiplo na região nordeste (23% dos diagnósticos totais no país). O estado com maior número de casos foi a Bahia, com 1.766 casos (24,79% dos diagnósticos totais na região). Em relação ao sexo, os homens receberam maior número de diagnósticos: 3.677 (51,62%), em relação a 3.446 mulheres (48,38%). Em relação à faixa etária, temos 4 intervalos de idade com maior concentração de diagnósticos. Pacientes entre 55 e 59 anos possuem 985 diagnósticos (13,82%); entre 60 a 64 anos, possuem 1.075 (15,09%); entre 65 e 69 anos, possuem 1.155 (16,21%); entre 70 e 74 anos, possuem 943 (13,23%); entre 75 e 79 anos, possuem 643 (9,02%); ≤ 80 anos, possuem 552 (7,75%) Quanto às modalidades terapêuticas, a quimioterapia foi a mais adotada, com 5.858 tratamentos realizados (82,24%), seguida da radioterapia, com 686 tratamentos (10,38%). Importante salientar que em 560 casos não há informações sobre o tratamento (7,86%).

No Brasil, o Nordeste é a segunda região com mais diagnósticos de mieloma múltiplo, representando metade se comparado ao Sudeste, que concentra grande parte da população brasileira. Mesmo menor, o Nordeste possui alta incidência de mieloma múltiplo. Ao analisar os estados nordestinos, a Bahia é o lugar que mais faz diagnósticos. Além disso, há um equilíbrio entre os sexos masculino e feminino no tocante ao diagnóstico e a idade com maior prevalência de encontrar a doença é entre 60 e 69 anos. Percebe-se ainda, que a modalidade de tratamento mais realizada é a quimioterapia.

O período analisado mostrou 7.123 diagnósticos de mieloma múltiplo, sendo a Bahia o estado com maior acometimento no Nordeste. Ademais, essa patologia foi mais frequente a partir dos 55 anos, se destacando entre 65 e 69 anos, com 16,21% dos casos. O perfil epidemiológico também apresentou os homens com maior número de diagnósticos. Por fim, a quimioterapia foi a principal medida de tratamento empregada, entretanto 7,86% dos pacientes não tiveram a abordagem informada, sendo necessário identificar o motivo para isso, se evasão, impossibilidade de tratamento, óbito. Somado a isso, é necessário buscar esclarecimentos sobre os achados deste estudo, como sexo, faixa etária e distribuição geográfica da doença. Por fim, os idosos merecem uma atenção maior na investigação por mieloma múltiplo, visto que eles representam 61,30% dos casos.