Apesar de sua importância, a transfusão de sangue também carrega consigo o risco de reações adversas, que podem variar de leves a potencialmente fatais. O rastreamento sistemático de reações transfusionais é essencial para a segurança dos pacientes e para a melhoria contínua da qualidade dos serviços de saúde. Através desse levantamento, é possível identificar e compreender a prevalência e os tipos de reações ocorridas em um determinado ambiente hospitalar. Ao analisar o perfil de reações transfusionais, os profissionais de saúde podem obter insights valiosos sobre fatores de risco associados, bem como possíveis causas subjacentes. Essas informações são fundamentais para desenvolver estratégias preventivas eficazes, otimizar os protocolos de transfusão e aprimorar a seleção de componentes sanguíneos, reduzindo assim a incidência de reações adversas. Além disso, o rastreamento sistemático de reações transfusionais também contribui para o monitoramento da segurança dos produtos sanguíneos utilizados, promovendo a contínua vigilância sanitária e a garantia da qualidade desses insumos tão vitais.

Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo investigar o perfil de reações transfusionais em pacientes atendidos em um hospital do interior de São Paulo, com o propósito de fornecer subsídios para aprimorar a prática transfusional, garantindo, assim, a segurança e bem-estar dos pacientes e reforçando a importância da implementação de estratégias preventivas nesse contexto clínico específico.

Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo, transversal onde os dados foram coletados dos prontuários eletrônicos, através do sistema informatizado da agência transfusional do hospital avaliado. Foram avaliadas as notificações de reação transfusional no período de Janeiro de 2020 a Dezembro de 2022.

A pesquisa analisou um total de 29 notificações de reações transfusionais. Dentre elas, a reação febril não hemolítica foi a mais prevalente, representando 37,93% dos casos. Essa reação é caracterizada por um aumento de 1 ºC na temperatura corporal em relação à temperatura pré-transfusão, acompanhada por calafrios, náuseas, cefaleia e vômitos. Seu mecanismo etiológico está relacionado à presença de leucócitos nas hemácias e à existência de anticorpos antileucocitários no paciente, que reagem com antígenos leucocitários do doador. Além disso, também foram observadas outras reações transfusionais, como a isoimunização/anticorpos irregulares (31,3%), reações alérgicas (10,34%), hemolítica aguda (10,34%) e reações inconclusivas (10,34%). A prevalência da tipagem sanguínea ABO/RH A+ foi notada como a mais frequente entre os pacientes que receberam 5 ou mais transfusões de concentrado de hemácias. Esses resultados apontam para a necessidade de uma abordagem mais cuidadosa ao realizar transfusões, especialmente em pacientes que receberam múltiplas transfusões, visando reduzir a incidência dessas reações adversas e melhorar a segurança dos procedimentos. É importante ressaltar que um monitoramento mais rigoroso das reações transfusionais pode auxiliar na identificação precoce dos sintomas, possibilitando uma intervenção mais rápida e adequada para minimizar potenciais complicações. Dessa forma, o estudo contribui para uma melhoria contínua da prática transfusional e aperfeiçoamento dos protocolos de transfusão no hospital estudado.

Ao concluir a análise do perfil de reações transfusionais em pacientes de um hospital do interior de São Paulo, torna-se evidente a importância do rastreamento sistemático dessas ocorrências para a segurança dos pacientes e a qualidade dos serviços de saúde.