Todo candidato à doação de sangue passa por entrevista com profissional capacitado onde são observados fatores como história clínica, sintomas, características individuais e condições epidemiológicas que garantem a segurança transfusional. Além disso, no momento da doação de sangue, são coletadas amostras para a realização de testes sorológicos e de biologia molecular para triagem de doadores. O estudo tem como objetivo analisar e identificar o perfil das inaptidões sorológicas, de acordo com o tipo de doação, em um serviço de hemoterapia da Serra Gaúcha.

Trata-se de um estudo observacional e retrospectivo. A coleta de dados foi realizada através do sistema informatizado do Hemovita, no período de outubro de 2021 a julho de 2023.

Durante o período analisado, foram realizadas 15.789 doações, destas, 155 (0,98%) apresentaram sorologia reagente, sendo 81 (52%) doadores do sexo feminino e 74 (48%) doadores do sexo masculino, com idade média de 39 anos. Das doações com sorologia reagente, 144 (92%) foram doações de primeira vez, dentre elas, 32 (22%) doações espontâneas e 112 (78%) doações de reposição. Em relação as doações esporádicas, 7 (5%) apresentaram sorologia reagente para VDRL e destas, 3 representam doações espontâneas e 4 de reposição. Ainda, 4 (3%) dos doadores com sorologia reagente para VDRL foram doadores convocados pelo serviço de hemoterapia. Em relação aos marcadores sorológicos mais prevalentes destacam-se Anti-HBc (50,3%) e VDRL (39,3%). Dos 155 doadores, 40 (25,8%) não compareceram para coleta de uma nova amostra, mas todos receberam convocação. Houve notificação para a vigilância epidemiológica daqueles que não compareceram e dos que compareceram e tiveram a sorologia reagente confirmada.

O sangue doado depende da solidariedade de um doador, esta doação pode ser de primeira vez, de repetição (quando o doador realiza duas ou mais doações em um período de 12 meses), esporádica (quando acontece em um período superior a 12 meses) e de reposição (quando é destinada a um paciente). Em todas as doações são realizadas uma série de testes, dentre eles, a triagem sorológica, os quais possuem elevada sensibilidade, visando evitar a transmissão de doenças infecciosas através do sangue, ajudando a garantir a qualidade e segurança transfusional. Podemos observar que 0,98% das doações realizadas no período estudado apresentaram sorologia reagente, índice bastante inferior se comparado com o 9ºBoletim do Hemoprod de 3,1%. Dentre as doações reagentes, o maior índice foi daquelas doações de primeira vez e de reposição.

Apesar do índice de doações com sorologia reagente representar menos de 1% das coletas, cabe destacar que a manutenção do estoque de hemocomponentes é primordial, e que estas bolsas acabam sendo desprezadas. Portanto, avaliar o perfil das inaptidões sorológicas pode nortear importantes ações voltadas à captação e a conscientização dos doadores, auxiliando na redução do descarte de hemocomponentes.