Realizar um estudo observacional, a partir da triagem de informações e análise comparativa entre o fármaco daratumumabe, medicamento preferencialmente já utilizado, e o fármaco talquetamabe, utilizado em estudos clínicos concluídos ou em andamento no tratamento do mieloma múltiplo recidivado e/ou refratário (MMRR).

Foi realizado um levantamento bibliográfico comparativo entre o tratamento convencional e terapias ainda em estudo para o manejo de pacientes com mieloma múltiplo a partir de artigos publicados em português e inglês, encontrados nas bases de dados ClinicalTrials.gov, foi utilizado as seguintes palavras-chaves: mieloma múltiplo; daratumumabe; talquetamabe; tratamento de mieloma múltiplo recidivado e/ou refratário. Encontraram-se 241 estudos, no entanto, somente 80 foram utilizados, devido à aplicação em pacientes portadores de MMRR recém-diagnosticados, os quais avaliavam a toxicidades e complicações referentes à doença.

Com o objetivo de investigar a segurança e eficácia de novas intervenções, 8 novas pesquisas foram iniciadas utilizando talquetamabe (TAL), as quais apresentaram melhor eficácia e redução dos efeitos colaterais, visto que, pacientes responsivos ao TAL apresentaram contagens de células T mais altas e com menor frequência do esgotamento, além de células T reguladoras CD38+, quando comparados aos pacientes não responsivos. Logo, o aumento da sobrevida livre de progressão proporciona elevada resposta em pacientes refratários e/ou já submetidos a outras linhas de tratamento. Apesar dos efeitos positivos, 50% dos pacientes apresentam efeitos colaterais.

O mieloma múltiplo é uma neoplasia hematológica caracterizada pela proliferação desregulada e clonal de plasmócitos na medula óssea, sendo uma doença incurável e com alta taxa de recidiva. Nos últimos anos, o tratamento mais utilizado é o fármaco daratumumabe (DARA), anticorpo monoclonal humano IgG1 kappa capaz de inibir in vitro o crescimento de células tumorais expressantes de CD38, encontrados nos plasmócitos do mieloma múltiplo. Entretanto, foram notificadas reações infusionais causadas pela liberação de citocinas, além da resistência desenvolvida pelos pacientes, ocasionando uma baixa ação da medicação em quadros de recidiva, o que torna necessário a busca por um novo imunoterápico. Dessa forma, em 2020, iniciou-se o Monument TAL-1, estudo avaliador do uso do TAL, um anticorpo biespecífico recrutador de células T - que expressam CD3 e ativam a resposta imune – e cujo alvo é a proteína GPRC5D, altamente expressa em células plasmáticas malignas. Mediante análise dos participantes, 2/4 apresentaram efeitos anticancerígenos significativos e 4,9% foram descontinuados.

Apesar da presença de eventos adversos, no geral, os sinais e sintomas se encerraram em poucas semanas. Isto demonstra que o TAL possui grande eficácia, além de segurança no manejo de pacientes com MMRR previamente tratados com múltiplas terapias, com baixas taxas de infecção de alto grau. Levando-se em conta a eficácia de ambos os imunoterápicos, podem também ser utilizados em conjunto, com o objetivo de aprimorar as respostas clínicas no tratamento por meio da combinação de seus mecanismos de ação.