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Vol. 42. Issue S2.
Pages 201-202 (November 2020)
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ABORDAGEM TERAPÊUTICA DO LINFOMA DE HODGKIN EM GESTANTES: REVISÃO SISTEMÁTICA
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M.E.D. Maia, L.O. Zambeli, A.C.B. Silveira, A.C.D.G. Ronzani, A.M. Nicolato
Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora (SUPREMA), Juiz de Fora, MG, Brasil
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Objetivos: Abordar os pilares do tratamento do linfoma de Hodgkin (LH) durante o período gestacional e suas implicações na saúde materna e fetal. Material e métodos: Foi realizada uma revisão sistematizada de literatura utilizando a base de dados PubMed, com os descritores “Hodgkin lymphoma”, “pregnancy”, “therapy”e suas variações no MeSH. Os critérios de inclusão para a seleção de artigos foram estudos publicados nos últimos cinco anos, relacionados a humanos e mulheres, diretamente associados ao tema. Dentre os 30 artigos encontrados, cinco fizeram parte desse trabalho. Resultados: Kroll-Balcerzak et al. demonstrou a alta eficácia e segurança da quimioterapia com adriamicina, bleomicina, vinblastina e dacarbazina (ABVD) em nove gestantes diagnosticadas entre 11 e 30 semanas de idade gestacional que fizeram parte do estudo. Desse número, cinco tiveram parto pré-termo, sendo quatro com 36 semanas e um com 32 semanas. Maggen et al. evidenciou que pacientes recebendo terapia pré-natal tiveram mais complicações obstétricas do que aquelas sem tal tratamento, sendo contrações prematuras e ruptura prematura de membranas as mais comuns. Ademais, a sobrevida livre de progressão em cinco anos foi de 90,9% nas pacientes que iniciaram o tratamento na gestação. Um acúmulo de pesquisas prospectivas não encontrou associações entre corticosteroides e elevação da taxa de anomalias congênitas. Discussão: Estima-se que o LH afete uma a cada 1.000 a 6.000 gestações. A terapia adequada de LH na gestação é questionável devido à possibilidade de acarretar riscos para o bem-estar materno e fetal. Sabe-se que a quimioterapia durante o primeiro trimestre pode aumentar o risco de doença espontânea, abortamento, morte fetal e malformações graves em 10 a 20%. Assim, os principais esquemas terapêuticos empregados em pacientes não grávidas são contraindicados no primeiro trimestre de gestação. O tratamento deve ser adiado até o final da organogênese no segundo trimestre, sempre que possível. Se uma terapia de ponte for necessária, duas opções são sugeridas: vinblastina como agente único ou esteróides. A vinblastina é considerada eficaz e segura em pacientes com LH sem tratamento prévio e, quando usada isoladamente, seis ciclos de ABVD devem ser concluídos após o parto. A radioterapia pode ser realizada em casos selecionados de doença supradiafragmática localizada com proteção adequada para o feto. No segundo trimestre, a administração de ABVD é considerada segura, entretanto, o uso de bleomicina, etoposídeo, doxorrubicina, cloridrato de ciclofosfamida, vincristina, procarbazina e prednisona (BEACOPP) deve ser desencorajado durante todo o período gestacional devido à toxicidade potencial do etoposídeo e procarbazina. A radioterapia nesse período é desencorajada. Em pacientes assintomáticas em estágios iniciais, como IA, IB ou IIA, há a possibilidade do tratamento ser adiado para o período após o parto, principalmente se o diagnóstico tiver sido firmado durante o terceiro trimestre de gestação. Conclusão: O LH é uma doença potencialmente curável na gestante com grandes possibilidades de desfechos favoráveis para o feto. A melhor estratégia terapêutica é alcançada por meio de uma avaliação individualizada do quadro, principalmente no que diz respeito ao estágio da doença e à idade gestacional. Contudo, mais estudos são necessários sobre a segurança de novos agentes na gravidez.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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