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Vol. 45. Issue S4.
HEMO 2023
Pages S41 (October 2023)
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A SOBRECARGA DE FERRO PROVOCA HEMÓLISE EM PESSOAS COM ANEMIA FALCIFORME?
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MJS Moura, ED Franco, JC Monteiro, T Souza, J Omena, CDSC Rodrigues, MCD Reis
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
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Vol. 45. Issue S4

HEMO 2023

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Objetivos

A anemia falciforme (AF) é causada por uma mutação no gene da hemoglobina, que resulta em maior susceptibilidade a crises vaso-oclusivas e hemólise. Por meio de um mecanismo cíclico, os produtos da hemólise (heme, ferro, arginase e hemoglobina) aumentam a produção de espécies reativas de oxigênio e reduzem a disponibilidade de óxido nítrico. Assim, aumentam a expressão de moléculas de adesão (intercellular adhesion molecule 1 (ICAM), vascular cell adhesion molecule 1 (VCAM) e selectinas) que favorecem a ocorrência de hemólise. Transfusões sanguíneas são usadas como tratamento clínico, mas podem causar sobrecarga de ferro (SF). Tendo em vista que o excesso de ferro pode levar a maior estresse oxidativo, o objetivo do presente trabalho é compreender a relação entre sobrecarga de ferro e hemólise, e avaliar se elas estão associadas às moléculas de adesão.

Material e métodos

O estudo é um recorte de um ensaio clínico randomizado (UTN 1111-1220-4661) em que foram analisados os dados do momento basal de 103 adultos com AF, com idade entre 19-59 anos, recrutados no Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti (Hemorio) e Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), Rio de Janeiro. Os critérios de inclusão foram: diagnóstico de anemia falciforme (HbSS); estar lúcido e orientado; não estar na fase aguda da doença no momento da avaliação; não ter realizado transfusões nos últimos 15 dias anteriores à avaliação; não ser gestante ou lactante. As concentrações séricas de indicadores de hemólise (bilirrubina indireta, BI; e lactato desidrogenase, LDH), VCAM, ICAM, P-selectina e ferritina foram determinadas por ensaios imunoenzimáticos ou colorimétricos. A concentração de ferritina usada como ponto de corte para classificação de SF foi de 1000 ng/mL. Análises estatísticas foram processadas no programa estatístico SPSS versão 22. Para identificar a associação entre as variáveis foram realizadas análises de regressão linear. O teste-t foi utilizado para comparar médias entre os grupos com e sem SF. O nível de significância admitido foi de 5%.

Resultados

LDH foi inversamente associada à ferritina (p = 0,000; β = -0,368) e diretamente associada à VCAM (p = 0,001; β = 0,303). Não foram observadas associações entre a BI e moléculas de adesão. Após categorizar quanto à SF, o grupo sem SF (n = 50) apresentou concentrações de LDH significativamente maiores (410,42 U/L ± 200,23) do que o grupo com SF (n = 53) (279,13 U/L ± 137,11). No grupo sem SF, ferritina e os indicadores de hemólise se associaram de forma inversa (LDH, p = 0,028 e β = -0,311; BI, p = 0,021 e β = -0,320) e a LDH e VCAM foram diretamente associadas (p = 0,008 e β = 0,377). O grupo com SF não apresentou associação entre LDH e VCAM (p = 0,720 e β = 0,051).

Discussão

Os resultados de associação entre VCAM e hemólise corroboram com o entendimento de que a vaso-oclusão e a hemólise são eventos relacionados. As maiores concentrações de LDH no grupo SF e a associação inversa entre ferritina e LDH sugerem que as transfusões sanguíneas, apesar de provocarem sobrecarga de ferro, não resultam em um aumento significativo na hemólise.

Conclusão

Os achados do presente estudo indicam que a SF não é o principal fator responsável pelo aumento da hemólise nos indivíduos estudados e que as transfusões parecem ser um cuidado importante para diminuir os eventos hemolíticos.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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