Introdução: Há décadas, o transplante de medula óssea tem se tornado um procedimento terapêutico mais seguro e eficaz no tratamento de doenças hematológicas potencialmente fatais. Após a escolha desse método, inicia-se uma busca, muitas vezes árdua, por um doador compatível, pois a combinação de genes do doador e do paciente deve ser idêntica (100%) ou muito próxima do ideal (90%). No Brasil, apesar do aumento progressivo no número de doadores de medula, de 1 milhão em 2009 para 5 milhões em 2020, a quantidade ainda é baixa para suprir a demanda nacional de transplantes. São muitas as campanhas realizadas pelo Registro Nacional de Doadores (REDOME), porém motivos, como o medo e a falta de informação, impedem o cadastro de inúmeros doadores em potencial.
Objetivos: Esse trabalho tem como objetivo relatar a experiência vivida por acadêmicos de Medicina em uma mesa redonda composta por doadores e transplantados de medula óssea, buscando esclarecer dúvidas sobre o processo de transplante e incentivar o cadastro para doação.
Relato da experiência: A mesa redonda foi realizada via videoconferência pelo Google Meets, transmitida ao vivo para o público geral pelo Youtube, em março de 2020 com duração de duas horas. A mesa foi composta por um hematologista, um doador de medula e três receptores de transplante. O encontro iniciou-se com 20 minutos para o relato da história de vida de cada um dos participantes. Os receptores de transplante narraram desde o momento de descoberta do diagnóstico até a trajetória percorrida durante o tratamento quimioterápico, a busca por um doador compatível e o transplante. Enquanto o participante doador de medula óssea trouxe sua experiência de ser acionado, do procedimento de coleta e o posterior momento de encontro com o paciente que foi beneficiado com a sua doação. Posteriormente, houve espaço para perguntas e respostas, que poderiam ser direcionadas a todos os membros da mesa. Foi evidente a quantidade de dúvidas acerca do procedimento em si, tanto da doação de medula quanto o processo de transplante, quais os tipos de transplante, quais as pessoas aptas a passar por um transplante e quais os principais riscos do procedimento. Além disso, houve grande interesse em como havia sido as qualidades do cuidado médico com esses pacientes e seu papel no processo de tratamento. Durante a transmissão da mesa, notou-se a participação significativa dos espectadores, com um total de 132 visualizações do conteúdo.
Reflexão de experiência: Por meio da experiência vivida, foi possível refletir a nobreza do gesto de doação e o quanto isso significa para o paciente que recebe o transplante. Ademais, o impacto de uma postura de empatia e cuidado do profissional de saúde na percepção do doente sobre seu processo de adoecimento e tratamento. Observou-se, também, a necessidade da desmistificação do processo de se tornar um candidato a doação de medula óssea entre a população geral.
Conclusão: É evidente que ações como a realizada no presente relato são relevantes no tocante da conscientização da população sobre a questão do transplante de medula óssea, além de retratar a realidade dos pacientes que necessitam de tal tratamento. Desse modo, fomenta-se maior mobilização social diante da causa, visando a popularização do cadastro no REDOME, tornando assim o transplante de medula óssea uma alternativa terapêutica mais acessível.