O presente estudo foi desenvolvido através de pesquisa quali-quantitativa com colaboradores de empresas privadas, que participaram de palestras educativas. A intenção das palestras foi conduzir os colaboradores à reflexão sobre os desafios que a captação de doadores enfrenta e ao fato de que existe uma importante lacuna no entendimento da doação como um compromisso social e responsabilidade de todos. Questionário anônimo foi aplicado avaliando percepções, comportamentos e ideias acerca da doação de sangue e sua dimensão de responsabilidade social.

Foram avaliados dados relativos a 12 grupos participantes de palestras, totalizando 60 indivíduos respondentes, no período de junho e julho de 2022. O desenvolvimento da palestra foi realizado de forma a trabalhar alguns princípios do comportamento humano como a reciprocidade, compromisso, autoridade e escassez, conduzindo as pessoas a um ambiente de reflexão, protagonismo e possibilidade de transformação da realidade. A avaliação dos questionários pós-palestra mostrou que 58 participantes (97%) sentiram-se motivados a doar ou a apoiar a doação de sangue de alguma forma após a palestra (por meio da doação, compartilhamento de informações, apoio em redes sociais, etc). O direcionamento da palestra resultou na formação de grupos organizados para comparecimento à doação em 6 empresas (50%) e onde não houve a formação dos grupos, os colaboradores sentiram-se motivados a comparecer para doar de forma individual. Foi possível registrar a participação de doadores provenientes de todas as empresas. Os fatores mais significativos apontados pelos participantes, quando questionados sobre os motivos de não terem sido doadores até então foram: falta de informação, incentivo e conscientização sobre a importância da doação (33%); medo e incertezas sobre o processo de doação (30%); inaptidão à doação (27%) e falta de tempo ou dificuldade para deslocamento (10%). A maioria ou nunca havia doado (68%) ou doou de forma esporádica, não fidelizada (24%), dados que revelam a importância dessas empresas como um grupo potencial de expansão de novos doadores fidelizados e que merecem esforços dirigidos.

As manifestações dos colaboradores foram muito expressivas ao mostrar o impacto das palestras na visão sobre a doação de sangue: desmistificando, informando e sensibilizando. Diante das inúmeras ações que podem ser realizadas para a captação e fidelização de doadores, as palestras apresentam-se como uma atividade atemporal que deve ser explorada de forma dinâmica, participativa e que se adapte à realidade do público alvo. Duas características importantes que ficaram evidentes nas respostas foram a autoridade atribuída ao profissional que realizou as palestras gerando confiança e motivação nos participantes, e a sensibilização trabalhada com os doadores através de materiais utilizados na apresentação, mostrando a realidade de pacientes que dependem de transfusões e do contexto geral da doação em nosso país.

As palestras educativas devem ser realizadas de forma constante e com objetivos direcionados: desenvolver o senso de responsabilidade, o poder de participação, a compreensão e aprendizagem do processo de doação, a motivação para ser um agente de transformação, a ideia geral do funcionamento de um Hemocentro e a importância de participar do processo de doação de forma responsável, consciente e altruísta.