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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 2869
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VIVÊNCIAS MATERNAS DIANTE DO ADOECIMENTO ONCOLÓGICO SIMULTÂNEO DE DOIS FILHOS: UM ESTUDO DE CASO CLÍNICO EM CONTEXTO DE ONCOLOGIA PEDIÁTRICA
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ABS Oliveira, HBC Chiattone, CRPD Macedo, CVB Moraes, AM Cappellano, MB Lemos, AS Díaz
Grupo de Apoio ao Adolescente e a Criança com Câncer (GRAACC), São Paulo, SP, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

O diagnóstico de câncer infantil representa uma ruptura significativa na vida familiar, mobilizando intensamente o núcleo cuidador, especialmente as mães, que geralmente assumem o papel de cuidadora principal. Quando o adoecimento ocorre de forma simultânea em dois filhos, como nos casos raros de diagnósticos concomitantes, o impacto psicológico e social se intensifica consideravelmente, gerando uma sobrecarga emocional extrema e desafiando os recursos de enfrentamento da família. Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a vivência materna diante do adoecimento oncológico simultâneo de duas filhas, a partir do acompanhamento clínico realizado por psicóloga residente no Serviço de Psicologia Hospitalar do GRAACC, com uma mãe de quatro filhas, sendo duas diagnosticadas respectivamente com glioma difuso de tronco e retinoblastoma.

Descrição do caso

Trata-se de um estudo de caso clínico qualitativo, de natureza exploratória e descritiva, baseado em registros de evolução psicológica no prontuário eletrônico (sistema Tasy), escuta clínica continuada e observações durante atendimentos e reuniões interdisciplinares. A análise do conteúdo foi orientada por referenciais da Psico-Oncologia, Psicodinâmica do Trauma e Análise de Discurso. Como destaca Orlandi (2007), “a análise do discurso visa à compreensão de como um objeto simbólico produz sentidos, como ele está investido de significância para e por sujeitos”, permitindo acessar significados mais profundos das narrativas maternas sobre o processo de adoecimento. Verificamos que, diante da situação de extrema vulnerabilidade, a mãe apresentou sentimentos de medo, culpa, ambivalência e impotência, bem como sinais de exaustão física e psíquica. A escuta psicológica contínua possibilitou a elaboração parcial das angústias mobilizadas pela situação de duplo cuidado, contribuindo para o fortalecimento de estratégias de enfrentamento, assim como para a construção de um espaço de acolhimento e validação de seu sofrimento.

Conclusão

A partir da experiência hospitalar, observamos a importância de intervenções psicológicas focadas na parentalidade em crise, com ênfase no acolhimento das demandas emocionais maternas frente às múltiplas internações, separações familiares e decisões difíceis impostas pelo contexto oncológico. Como destacam Fonseca, Silva e Coutinho (2020), o suporte psicológico contínuo é fundamental para promover maior adaptação à realidade do tratamento, favorecer o enfrentamento emocional e mitigar os impactos da sobrecarga vivida pelos cuidadores principais. Ressaltamos ainda a relevância da escuta qualificada como ferramenta terapêutica e de contenção psíquica em situações de sofrimento prolongado e sobrecarga. A experiência apresentada contribui para ampliar o olhar da Psicologia Hospitalar sobre os efeitos da sobrecarga emocional nas mães cuidadoras, sobretudo em contextos de adoecimento simultâneo de filhos, e reforça a importância do suporte psicológico especializado e contínuo como parte essencial do cuidado integral em oncologia pediátrica.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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