HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO mieloma múltiplo (MM) é uma neoplasia hematológica incurável, caracterizada pela expansão clonal de plasmócitos aberrantes na medula óssea, sendo clinicamente definida pelos critérios de CRAB (anemia, lesão óssea, hipercalcemia e falência renal). Sua progressão dá-se a partir de entidades pré-malignas, como a gamopatia monoclonal de significado incerto (MGUS) e o mieloma smodering (SMM). Apresenta uma fisiopatologia complexa, onde muitos mecanismos genéticos e epigenéticos estão envolvidos e ainda parcialmente compreendidos. A utilização de abordagens integradas, como na biologia sistêmica, oferece uma visão mais abrangente da doença, pois permite a agregação de diferentes níveis de informações biológicas, trazendo resultados promissores.
ObjetivosAbordar o papel das análises multiômicas na compreensão dos mecanismos envolvidos na fisiopatologia do mieloma múltiplo.
Material e métodosTrata-se de uma revisão integrativa de artigos publicados no período de 2020 a 2025, na base de dados PUBMED. Os termos de busca utilizados foram análises multiômicas e mieloma múltiplo. Inicialmente foram encontrados 56 artigos e depois de uma análise minuciosa, selecionados 4 para a revisão.
ResultadosAs análises genômicas demostraram mutações recorrentes em genes como KRAS, NRAS, TP53, BRAF, FAM46C e DIS3. Do mesmo modo, alterações no microambiente tumoral da medula óssea foi observado, com a diminuição de granulócitos e subexpressão de marcadores de resposta imune e oxidativa nas células dendríticas. Mudanças no perfil de assinaturas de expressões gênicas também foram identificados, principalmente aos que estão relacionados a hipóxia e imunidade, como CHRDL1, DDIT4, DNTT, FAM133A, MYB, PRR15, QTRT1 e ZNF275. Assim como no perfil de metabólico, a complexa interação metabólica entre células de mieloma múltiplo e o microambiente da medula óssea, envolvendo mecanismos como transferência mitocondrial e a reprogramação de vias bioenergéticas, incluindo glicólise, metabolismo de glutamina e lipogênese, foram alteradas.
DiscussãoO MM é um câncer hematológico altamente refratário e devido ao curso natural da doença, muitos pacientes só são diagnosticados em uma fase mais tardia, onde muitas comorbidades já estão presentes e são praticamente irreversíveis. A integração de plataformas multiômicas, incluindo genômica, transcriptômica, proteômica e metabolômica, fornecem uma visão abrangente e mais dinâmica da neoplasia, permitindo uma estratificação de risco mais refinada e personalizada. Utilizando a biologia sistêmica é possível unificar os dados encontrados através de modelos computacionais, desenhando redes de interações moleculares. Estas redes são capazes de demonstrar o funcionamento de vias de sinalização, vias metabólicas, vias de expressão e regulação gênica, entre tantas mais. Assim, a avaliação do conjunto de alterações encontradas, considerando não apenas dados isolados, permitem integrações dinâmicas e funcionais, mapeando vias comuns responsáveis pela complexa fisiopatologia da doença.
ConclusãoA biologia sistêmica, por meio da integração de análises multiômicas, tem revolucionado o entendimento da fisiopatologia do mieloma múltiplo. Essa abordagem permite desvendar a complexidade da doença, promovendo avanços significativos na estratificação de risco, descoberta de novos alvos terapêuticos e personalização do tratamento.




