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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
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HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 2047
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TERAPIA COM CÉLULAS T RECEPTORAS DE ANTÍGENO QUIMÉRICO NO LINFOMA NÃO HODGKIN B REFRATÁRIO: MECANISMOS IMUNOLÓGICOS E DESAFIOS CLÍNICOS
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EMTL Azevêdo, FAM Esteves, TDC da Costa Lima
Centro Universitário Tabosa de Almeida (ASCES-UNITA), Caruaru, PE, Brasil
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HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

Os linfomas não-Hodgkin de células B são neoplasias malignas de linfócitos B, que acometem linfonodos e tecidos linfoides, podendo infiltrar outros órgãos. Apesar dos avanços com quimio e imunoterapia, uma parcela dos pacientes apresenta condição refratária, ou seja, a esquemas de tratamento de primeira linha, representando um desafio clínico nas taxas de sobrevida. Nesse cenário, a terapia com células T receptoras de antígeno quimérico (CAR‑T) surge como estratégia inovadora de imunoterapia celular adotiva, baseada na modificação genética de linfócitos T autólogos para reconhecer e eliminar células tumorais de forma eficaz e direcionada.

Objetivos

Analisar os mecanismos imunológicos envolvidos na terapia com células CAR‑T anti‑CD19 no tratamento do linfoma B não‑Hodgkin refratário, bem como os principais desafios clínicos relacionados aos efeitos adversos e limitações terapêuticas.

Material e métodos

Trata-se de uma revisão bibliográfica realizada nas bases PubMed, SciELO, ScienceDirect, Portal de Periódicos da CAPES e Cochrane Library. A busca utilizou descritores controlados (DeCS/MeSH) “Imunoterapia Adotiva”/Immunotherapy, Adoptive, “Antígenos CD19”/Antigens, CD19, ‘Linfoma de Células B”/Lymphoma, B-Cell e “Receptores de Antígenos Quiméricos”/Chimeric T-Cell Receptor, combinados por operadores booleanos. Foram incluídos estudos originais, metanálises e revisões dos últimos cinco anos, em português e inglês.

Discussão e conclusão

A escolha do CD19 como alvo na terapia CAR-T se baseia no fato de ser um marcador de superfície característico da linhagem B, expresso amplamente nas células B normais e mantido nas células B malignas. Assim, as células T do próprio paciente são coletadas por leucoferese, ativadas, expandidas e geneticamente modificadas em laboratório para expressar receptores quiméricos (CAR) que reconhecem CD19. Esses CARs, que frequentemente incluem domínios coestimulatórios como CD28 ou 4-1BB, otimizam a sinalização e persistência das células T. Após a reinfusão, as células CAR-T se ligam ao CD19 nas células tumorais, ativando uma resposta citotóxica potente, proliferação clonal e liberação de citocinas inflamatórias (IL-6 e IFN-γ) que culminam na eliminação tumoral por apoptose. Esse mecanismo direcionado confere alta eficácia antitumoral em pacientes previamente expostos a múltiplas terapias e com prognóstico desfavorável. No entanto, apesar dos avanços, a terapia ainda apresenta limitações importantes, como efeitos adversos relacionados à ativação imune exacerbada. Destacam-se a síndrome de liberação de citocinas (CRS) e a neurotoxicidade associada a células efetoras imunes (ICANS). A destruição das células B normais leva à aplasia linfocitária B, resultando em hipogamaglobulinemia e maior risco de infecções, além de citopenias prolongadas. Outro desafio é o escape tumoral e subsequente recaída da doença, quando as células malignas perdem a expressão de CD19 (mecanismo de perda de antígeno), comprometendo a eficácia da terapia. A literatura reforça a terapia com células CAR‑T como uma estratégia promissora para pacientes com linfoma B refratário. Estudos clínicos demonstram que essa abordagem pode melhorar significativamente as taxas de remissão completa, atingindo entre 40% e 59% dos pacientes, e prolongar a sobrevida. Embora apresente desafios, a terapia CAR‑T vem se consolidando como um marco da imunoterapia oncológica, com avanços contínuos em pesquisas que visam ampliar sua segurança e eficácia.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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