HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) é uma neoplasia hematológica caracterizada pela proliferação clonal de células progenitoras linfóides imaturas na medula óssea. Essas células malignas substituem o tecido hematopoiético normal, invadem o sangue periférico como blastos e podem infiltrar outros tecidos. A LLA representa cerca de 30% dos cânceres infantis e 75% das leucemias pediátricas, com maior incidência em meninos entre 2 e 5 anos. Classifica-se em dois subtipos principais: LLA de células B e de células T, conforme imunofenotipagem por citometria de fluxo. O tratamento da LLA ainda é baseado, em grande parte, em quimioterapia e radioterapia. No entanto, a alta toxicidade dessas abordagens impulsionou o desenvolvimento de terapias-alvo e imunoterapias, que vêm se destacando como alternativas promissoras por oferecerem tratamento direcionado a vias específicas das células leucêmicas.
ObjetivosEsta revisão tem como objetivo avaliar os principais benefícios, impactos clínicos e perspectivas futuras dessas abordagens no tratamento da LLA infantil.
Material e métodosFoi realizada uma revisão narrativa qualitativa na base PubMed, com critérios de inclusão: artigos dos últimos dez anos, gratuitos, completos e de revisão sistemática. Utilizaram-se os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) com operadores booleanos: “Acute Lymphoblastic Leukemia” OR “Pediatric ALL” AND “Targeted therapy” OR “Immunotherapy”.
Discussão e conclusãoPacientes com LLA e alterações em quinases são beneficiados pelas terapias-alvo com inibidores de tirosina quinase, como imatinibe e dasatinibe, que bloqueiam vias intracelulares essenciais à proliferação das células leucêmicas, impedindo sua expansão clonal. Quando tratados sem essas terapias, mesmo com quimioterapia em altas doses, os desfechos foram piores. Já a combinação com os inibidores demonstrou melhores resultados. Adicionalmente, destaca-se a imunoterapia, que estimula o sistema imunológico a reconhecer e combater células tumorais por meio do direcionamento a antígenos específicos expressos por células neoplásicas. Na LLA pediátrica, os principais alvos são CD19, CD20 e CD22. Entre os agentes terapêuticos, destaca-se o blinatumomabe, anticorpo biespecífico que liga CD19 (células B tumorais) e CD3 (linfócitos T), promovendo citotoxicidade mediada por células T. Outra inovação é a terapia com células CAR-T anti-CD19, como o tisagenlecleucel, indicada para LLA infantil recidivada ou refratária. Essa abordagem utiliza linfócitos T autólogos modificados geneticamente para expressar um receptor quimérico capaz de reconhecer o CD19 nas células B leucêmicas. Diante disso, mesmo com a presença de efeitos adversos, os benefícios dessas terapias superam a toxicidade da quimioterapia convencional. Torna-se, portanto, fundamental investir em novos estudos que permitam reconfigurar o atual cenário terapêutico, ainda fortemente baseado em abordagens tradicionais.
Referências:
Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Tipificação das leucemias infantis. Rio de Janeiro: INCA; 2023. Disponível em: https://www.inca.gov.br. Acesso em: 29 jul. 2025.
Zhou Y, Huang X, Xie C, Hu Y, Li J, Li Y, et al. Targeted therapy in the treatment of pediatric acute lymphoblastic leukemia. Cancers (Basel). 2022;14(8):2021. doi:10.3390/cancers14082021.
Fatica A, Bednarz K, Kuśmierczuk K, Lejman M, Kuśnierczyk P, Świderska-Kołacz G, et al. Targeted therapy and immunotherapy in childhood acute lymphoblastic leukemia: toxicity and outcomes. Int J Mol Sci. 2021;22(17):9464. doi:10.3390/ijms22179464.




