O vírus da imunodeficiência humana (HIV), pertencente à família Retroviridae, representa um dos principais desafios à segurança transfusional nos serviços de hemoterapia. Apesar dos avanços tecnológicos na triagem sorológica e molecular, a infecção pelo HIV ainda constitui causa relevante de inaptidão em candidatos à doação de sangue. O HIV-1, devido à sua alta taxa de replicação e transmissibilidade, permanece como o tipo mais prevalente e patogênico em âmbito mundial.

Avaliar a prevalência de soropositividade para o vírus HIV em candidatos à doação de sangue atendidos em Centro de Hemoterapia no Nordeste do Brasil entre os anos de 2017 e 2024, identificando o perfil epidemiológico dos inaptos e discutindo as implicações transfusionais dos achados.

Trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo e seccional, baseado em dados extraídos do sistema informatizado HemoVida e do módulo central sorológico (LIAC). Foram incluídos todos os candidatos à doação de sangue atendidos entre janeiro de 2017 e junho de 2024.As variáveis analisadas incluíram: número total de doadores, índice de inaptidão sorológica, frequência de soropositividade para HIV, gênero, faixa etária e retorno para testagem em segunda amostra. No período analisado, foram registrados 52.201 candidatos à doação, dos quais 40.724 (78%) foram considerados aptos. Entre os inaptos, 1.114 (2,7%) apresentaram reatividade para alguma infecção transmissível, sendo 37 casos (0,07%) positivos ou indeterminados para o vírus HIV. Desses, apenas 16 doadores (43,2%) retornaram para realização da segunda amostra, todos confirmando positividade para HIV. Observou-se predominância do sexo masculino entre os casos reagentes, correspondendo a mais que o dobro do número de mulheres inaptas para HIV. Os anos de 2014 e 2015 concentraram o maior número de casos positivos, ainda que alguns candidatos não tenham comparecido para reavaliação.

A soropositividade para HIV identificada em Centro de Hemoterapia no Nordeste do Brasil, mantém- se compatível com os índices observados em outros serviços hemoterápicos do Brasil, conforme relatado por Pereira et al. (2024) e Gomes et al. (2023), que apontam prevalência inferior a 1% em triagens sorológicas convencionais. A predominância do sexo masculino entre os casos reagentes pode refletir fatores comportamentais de maior risco, como uso de substâncias injetáveis e práticas sexuais desprotegidas.A triagem sorológica realizada no setor de Sorologia em Centro de Hemoterapia no Nordeste do Brasil demonstrou efetividade na identificação de doadores com soropositividade para o vírus HIV. Apesar da baixa prevalência geral, os achados reforçam a importância da manutenção rigorosa das etapas de triagem e convocação para segunda amostra.