HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA reserva prévia de hemocomponentes para cirurgias cardiovasculares e torácicas eletivas é uma prática rotineira nos centros cirúrgicos, muitas vezes realizada com base em protocolos padronizados, e não em dados de consumo real. Este estudo visa analisar o perfil de solicitação e a taxa de utilização efetiva dos hemocomponentes reservados em procedimentos eletivos e propor estratégias como o uso de tecnologias conservadoras de sangue.
ObjetivosAnalisar o perfil de solicitação e utilização de hemocomponentes em cirurgias eletivas cardiovasculares e torácicas realizadas em um serviço de alta complexidade, visando otimizar os protocolos transfusionais.
Material e métodosEstudo retrospectivo de pacientes submetidos a cirurgias eletivas cardiovasculares e torácicas entre julho de 2024 e junho de 2025. Foram avaliados 1.215 procedimentos, de dois grandes hospitais privados da cidade de São Paulo, incluindo tipo de procedimento, número de hemocomponentes reservados e utilizados, ocorrência de alta/óbito e uso de Cell Saver.
Discussão e conclusãoForam analisados 1.215 procedimentos cirúrgicos eletivos cardiovasculares e torácicos, com reserva total de 4.353 hemocomponentes e utilização efetiva de 893 unidades, resultando em uma taxa geral de utilização de 20,5%. O uso do Cell Saver foi registrado em 73,3% dos casos, contribuindo para a redução da necessidade transfusional. Procedimentos como revascularização do miocárdio e troca valvar concentraram o maior número de reservas, porém com taxas de utilização mais baixas (12,4% e 20,7%, respectivamente). Já o redirecionamento de fluxo sanguíneo apresentou a maior taxa de aproveitamento (33,3%), seguido por plastia valvar (23,3%), Comunicação Interatrial – CIA (37,7%) e Comunicação Interventricular – CIV (35,8%). Durante o período analisado, foram registrados 89 óbitos, o que corresponde a uma taxa de mortalidade de 7,3% entre os pacientes incluídos no estudo. Os resultados mostraram que, na maioria dos casos, a quantidade de hemocomponentes utilizados foi menor do que a reservada. Procedimentos como revascularização do miocárdio e troca valvar, que concentraram o maior número de reservas, apresentaram taxas de utilização mais baixas. Por outro lado, procedimentos como redirecionamento de fluxo e correções de CIA e CIV mostraram melhor aproveitamento das reservas. A presença do Cell Saver em grande parte das cirurgias pode ter contribuído para a menor necessidade de transfusões, funcionando como uma ferramenta complementar de conservação de sangue. Esses dados reforçam a importância de estratégias que considerem o uso real e individualizado dos hemocomponentes, sempre com foco na segurança do paciente. A taxa média de utilização de 20,5% dos hemocomponentes reservados para cirurgias cardíacas eletivas reflete um cenário de baixa demanda transfusional efetiva, possivelmente influenciada pelo uso rotineiro de tecnologias como o cell saver. Apesar disso, a reserva continua sendo uma prática importante para garantir a segurança do paciente em procedimentos de alto risco. O incentivo ao uso de estratégias que minimizem a necessidade de transfusão contribui para um manejo mais eficiente dos recursos hemoterápicos, sem comprometer a qualidade e a segurança assistencial.




