HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Sobrecarga Circulatória Associada a Transfusão (TACO), é um evento adverso, caracterizado pelo aparecimento de edema pulmonar hidrostático, durante a transfusão ou até seis horas do ato transfusional. Cursando com apresentação de insuficiência respiratória aguda, taquicardia, hipertensão arterial, evidência de balanço hídrico positivo; aumento da pressão venosa central e achados de imagem sugestivas de edema cardiogênico. A incidência da reação é maior, em pacientes que apresentam fatores de riscos conhecidos como idade, comorbidades cardiovasculares e insuficiência renal. Condições conhecidas por gerarem o aumento da pressão capilar e transudação do fluido intersticial pulmonar, resultando em edema pulmonar na dependência da susceptibilidade do receptor.
ObjetivoRelatar um caso de sobrecarga circulatória associada à transfusão em paciente jovem, alertando para os riscos da sobrecarga volêmica na prática de cuidados intensivos.
Matérias e métodosRevisão de prontuário médico hospitalar e análise da literatura médica.
Descrição do casoMasculino, 35 anos, vítima de dois ferimentos por arma de fogo, uma entrada em hemitórax esquerdo, sem orifício de saída e o segundo entrada em fossa ilíaca esquerda, sem orifício de saída. Com resultante evidência de pneumotórax e hemotórax. Entrada hospitalar com protocolo para vítima de arma de fogo, apresentando choque hipovolêmico, realizado plano de ressuscitação volêmica padrão. Teve indicação de 01 CH e 01 PFC. Após o terceiro dia, nova indicação transfusional, hemoglobina: 6,3 g/dL. Transfundido 01 CH de 254 mL. Durante a transfusão, foi evidenciado dispneia com hipoxemia, chegando a 88% a saturação do paciente, com aumento da pressão arterial 156×100 mmhg e FC120 bpm. Realizado RX de tórax na ocasião observando infiltrado intersticial difuso bilateral, diferindo do RX de tórax da entrada hospitalar. Elencado a hipótese de Insuficiência Pulmonar Aguda associada a Transfusão (TRALI), e solicitado a dosagem plasmática do peptídeo Natriurético tipo B (NT-ProBNP) com o valor 1347,25 pg/mL. O paciente recuperou-se da dispneia após uso de ventilação não invasiva e medicação diurético de alça, perfazendo diurese 3.600 mL no balanço hídrico, sendo direcionado o diagnóstico para TACO.
ConclusãoA TACO é uma reação transfusional não imune, caracterizada por insuficiência respiratória aguda relacionada a administração do sangue, cursando com desconforto respiratório agudo e sinais relacionados ao aumento da pressão venosa central e do volume de sangue nos pulmões, com diminuição da complacência pulmonar. Muitos fatores de riscos são associados à sua predisposição, principalmente as características do receptor, idade, doenças de base, insuficiência cardíaca e insuficiência renal. Bem como, a administração rápida de volume no receptor e o excesso de volume administrado, a despeito da falta da adaptabilidade do receptor administrar o volume. No caso do paciente jovem, não houve condição patológica prévia reconhecida, e a necessidade de protocolo de transfusão maciça. Porém, após análise de prontuário, verificou-se a utilização de volumes de ressuscitação volêmica hidroeletrolítica, motivo facilitador para desencadear a reação. TACO é uma reação prevalente no meio transfusional, evento a ser relembrado e prevenido no cenário dos pacientes politraumas jovens que tiveram acesso a ressuscitação volêmica.




