HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO Linfoma de Burkitt (LB) é um linfoma não-Hodgkin de células B, altamente agressivo e de rápido crescimento, exigindo intervenção precoce¹. Geneticamente, é marcado pela translocação e superexpressão do oncogene MYC. Apesar de altamente quimiossensível, com rápida regressão tumoral inicial¹, a agressividade da doença e a busca por melhor prognóstico justificam a continuidade de estudos que identifiquem perfis de risco, orientando intervenções mais direcionadas.
ObjetivosBusca-se estimar a sobrevida de pacientes com LB no estado de São Paulo, por faixa etária e sexo, identificando padrões que auxiliem em estratégias mais eficazes de diagnóstico e manejo clínico, além de aprimorar o conhecimento sobre os perfis populacionais mais atingidos por essa neoplasia.
Material e métodosEste estudo descritivo usou dados anonimizados do Registro Hospitalar de Câncer (RHC) de São Paulo, coordenado pela FOSP. A análise utilizou o software RStudio, incluindo diagnósticos de "LINFOMA DE BURKITT, SOE" (M-9687/3) entre 2000 e 2024. A sobrevida foi calculada do diagnóstico até a última informação do paciente, com “óbito por câncer” como evento. Uma limitação é a falta de detalhe sobre o tipo específico de câncer que causou o óbito. Para estimar a sobrevida foi utilizada a curva de Kaplan-Meier.
ResultadosA amostra contém 1345 pacientes diagnosticados com LB, acompanhados por 15 anos. A probabilidade geral de sobrevida no tempo inicial era 99,85% (IC95%: 99,41-99,96), com uma queda acentuada a 66,81% (IC95%: 64,14-69,32) no primeiro ano e seguindo um declínio gradual até 60,79% (IC95%: 57,88-63,56) ao final do período. Por sexo, ambos mantem uma tendência semelhante, com o masculino terminando em 61,79% (IC95%: 58,59- 65,18) e o feminino em 58,18% (IC95%: 52,88-64,01). Em faixas etárias, o grupo de 0 a 19 anos apresentou a maior sobrevida, partindo de 99,87% (IC95%: 99,62-100), 79,85% (IC95%: 77,02-82,78) após o primeiro ano e 75,80% (IC95%: 72,73-79,00) ao final. Já o grupo com 60 anos ou mais teve a menor sobrevida, começando em 100% (IC95%: 100-100), 43,11% (IC95%: 33,64-55,23) no primeiro ano e 37,50% (IC95%: 27,82-50,56) ao final. DISCUSSÃO: A taxa de sobrevida é menor em idosos, com pouca diferença entre os sexos. No primeiro ano, é verificado que a estatística cai notoriamente, o que presume-se ser pelo caráter agressivo e de rápido crescimento do LB. Após esse período, há uma estabilização da probabilidade, o que pode ser explicado pela alta resposta a quimioterapia, sendo os posteriores óbitos em razão da recidiva da doença ou por complicações tardias do tratamento - mielossupressão e infecções - especialmente em idosos e imunossuprimidos¹. Assim, o presente estudo está em consonância com a literatura, ratificando estudos como o de Saleh et al.
ConclusãoEmbora o LB exiba acelerada regressão tumoral com tratamentos, a sobrevida pode ser afetada pelo tempo de diagnóstico, provavelmente devido a seu comportamento proliferativo e agressivo, sobretudo em pacientes idosos, o perfil encontrado de maior risco, em função de sua baixa reserva funcional e menor resistência a tratamentos intensivos. Esses achados, em consenso com a literatura prévia existente, justificam a necessidade de se expandir o conhecimento acerca desse linfoma, visando um melhor prognóstico.
Referência:
Saleh K, Quessada J, Nikolova Y, Bernard S, Asmar R, Ghesquières H, et al. Burkitt and Burkitt-like lymphomas: a systematic review. Curr Oncol Rep. 2020;22(4):33. doi:10.1007/s11912-020-0898-8




