HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA síndrome mielodisplásica (SMD) é uma neoplasia mielóide clonal marcada por hematopoiese ineficaz, citopenias, risco de evolução para Leucemia e representa um importante desafio no cuidado onco-hematológico. Apesar disso, os dados epidemiológicos regionais, especialmente em Alagoas, são ainda escassos.
ObjetivosDescrever o perfil clínico-epidemiológico da Síndrome Mielodisplásica no Hospital terciário de Alagoas - Hospital Universitário Prof. Alberto Antunes - HUPAA/UFAL).
Material e métodosEstudo observacional, retrospectivo e descritivo, realizado a partir da revisão de prontuários físicos e eletrônicos de pacientes com diagnóstico de síndrome mielodisplásica (SMD) atendidos em um Hospital Terciário de Alagoas, entre janeiro de 2020 e julho de 2025. Foram coletadas variáveis sociodemográficas, clínicas e laboratoriais, tais como: idade ao diagnóstico, estado vital, gênero, raça/cor, gênero, procedência, presença de história pregressa ou familiar de neoplasias hematológicas, dados de hemograma, cariótipo, classificação da SMD segundo a Organização Mundial da Sáude (2016) e pelo Revised International Prognostic Scoring System (IPSS-R). Os dados foram analisados por estatística descritiva, com resultados em frequências absolutas e relativas.
ResultadosForam incluídos 18 pacientes neste estudo. A mediana de idade ao diagnóstico foi de 63 anos (31-91), sendo cerca de 66,6% (12/18) acima de 60 anos. Houve predomínio de mulheres (55,6%; razão homem/mulher de 0,8), cor parda (77,8%; 14/18), residentes em Maceió (38,9%) e com ensino fundamental incompleto (44,4%). Nenhum paciente possuía história pessoal ou familiar de neoplasia hematológica. Ao diagnóstico predominou a pancitopenia (44,4%) e citopenia isolada e bicitopenia ocorreram em 27,8%. Anemia foi a citopenia mais frequente (94,4%), seguido de neutropenia (72,2%) e plaquetopenia (50%). O cariótipo foi normal em 77,7%, anormal em 22,3%. As classificações de acordo com a OMS (2016) foram: SMD com displasia em linhagem única (33,3%), SMD com displasia em múltiplas linhagens (16,7%), com sideroblastos em anel (5,6%), com deleção de 5q isolada (11,1%), e SMD com excesso de blastos 1 (16,7%) e excesso de blastos 2 (16,7%). Quanto ao prognóstico, foram SMD de baixo risco (38,9%), risco intermediário (27,8%), de muito baixo risco (16,7%) e de muito alto risco (16,7%). A mediana de seguimento foi de 28,2 meses (0,46 -121,1 meses) No momento do levantamento de dados 50% (9/18) dos pacientes estavam vivos, 38,9%(7/18) óbitos, e 11,1% (2/18) com estado vital indeterminado.
Discussão e conclusãoO estudo mostrou predominância da SMD em idosos >60 anos e cor parda em nossa casuística. Ao contrário do descrito na literatura, houve predomínio de mulheres. A maioria dos casos se apresentou com pancitopenia sendo anemia a citopenia mais frequente. O cariótipo normal e os subtipos de SMD (OMS- 2016) mais encontrados foram SMD com displasia em linhagem única e SMD com excesso de blastos. Quanto ao prognóstico conforme IPSS-R, a maior parte foi classificada como risco baixo ou intermediário. Apesar de amostra pequena estes dados contribuem para a caracterização da SMD em nosso meio e poderão auxiliar em próximos estudos além de contribuir para o planejamento do manejo e acompanhamento desses pacientes.




