HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosIntrodução: A síndrome metabólica (SM) é um conjunto de condições clínicas e metabólicas relacionadas, pautadas na resistência à insulina, que aumentam vertiginosamente o risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e outras complicações crônicas. Recentemente, a hiperferritinemia, caracterizada por níveis elevados de ferritina sérica, tem sido estudada como um possível marcador inflamatório associado à SM. Evidências indicam que o acúmulo de ferro, e não somente da ferritina, pode contribuir para a fisiopatologia de aspectos inerentes à síndrome metabólica. Objetivo: Avaliar os dados disponíveis na literatura acerca da relação entre SM e a hiperferritinemia. Material e método: Esta revisão sistemática seguiu as etapas do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA). A pergunta norteadora foi: “Há alguma associação entre hiperferritinemia e SM?". Foram utilizados artigos publicados nos últimos cinco anos, nos idiomas português, inglês e espanhol, encontrados nas bases de dados PubMed (53), Lilacs (6), CINAHL (12), Web of Science (29), Scopus (357) e Embase (4). Para a elaboração dessa revisão foram selecionados apenas ensaios clínicos randomizados. Após a exclusão de duplicatas e análise dos títulos, foram incluídos 19 artigos na revisão. Resultados: A análise dos 19 artigos demonstrou uma evidente associação entre níveis elevados de índice de saturação da transferrina e a presença de SM. A hiperferritinemia demonstrou relação significativa com componentes da SM, sobretudo com resistência à insulina, dislipidemia, aumento da circunferência abdominal e alterações no metabolismo lipídico. É válido destacar também o aumento da ferritina em pacientes do sexo masculino, sugerindo influência hormonal na regulação do ferro. Parâmetros como hepcidina elevada, capacidade de ligação do ferro reduzido e transferrina baixa também favorecem o aumento da gordura visceral. Outro ponto verificado na análise dos artigos, foi que a elevação de hepcidina, estimulada por inflamação crônica, promove o acúmulo intracelular de ferro, levando à sobrecarga tecidual e disfunção do tecido adiposo, principalmente em pacientes obesos, a qual está diretamente relacionada à progressão da resistência insulínica e da adiposidade visceral. Discussão: Os achados evidenciam que a hiperferritinemia é um marcador clínico importante na SM, fato que evidencia a sobrecarga de ferro e a inflamação crônica. Outros fatores como triglicerídeos elevados, obesidade abdominal e sexo masculino se mostraram importantes preditores da ferritina elevada, indicando risco cardiovascular e metabólico aumentado. Outro ponto de destaque é que a hepcidina parece desempenhar papel central na retenção de ferro e sua deposição tecidual, potencializando a disfunção do tecido adiposo e agravando a resistência insulínica. Diante disso, a utilização em conjunto de marcadores como ferritina e hepcidina podem oferecer melhor entendimento do perfil de pacientes com SM. Conclusão: Os estudos analisados demonstraram uma associação consistente entre a hiperferritinemia e a SM, sobretudo com resistência à insulina, dislipidemia e obesidade abdominal. Esses achados indicam que níveis elevados de ferritina sérica podem evidenciar não apenas a sobrecarga de ferro, mas também processos inflamatórios e disfunções metabólicas. Além disso, a ferritina, em conjunto com marcadores como a hepcidina, apresenta potencial como biomarcador complementar na avaliação do risco metabólico.




