HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Síndrome Hemofagocítica (HLH) é uma síndrome hiper-inflamatória grave, potencialmente fatal. A fisiopatologia hiperativação imune com perda dos mecanismos regulatórios, resultando em inflamação persistente e dano tecidual. A HLH é caracterizada como primária (familiar), ou secundária (adquirida), sendo esta última geralmente associada a infecções, doenças autoimunes ou neoplasias. A busca e o tratamento do gatilho subjacente são cruciais. A HLH secundaria é comumente desencadeada por infecções, doenças autoimunes ou neoplasias, sendo o linfoma de Hodgkin responsável por apenas 6% das causas de HLH associadas a malignidade.
Descrição do casoHomem, 28 anos, privado de liberdade, admitido com quadro de fraqueza, febre, sudorese, dor abdominal, hiporexia, perda ponderal e alterações neurológicas. Ao exame: palidez, icterícia, linfonodomegalia e esplenomegalia. Dos exames laboratoriais, destacam-se: Hb 5,7 g/dL, VCM: 81 mm3, HCM: 26 pg, Plaquetas: 36x103/mm3, leucócitos: 1,8 x 103/mm3, neutrófilos: 1,17 x 103/mm3, com presença de reação leucoeritroblástica à análise de sangue periférico; TGO: 78 U/L, TGP: 37 U/L, FA: 53 U/L, GGT: 102 U/L, BT: 7,1 mg/dL (bilirrubina direta: 5,6; indireta: 1,5), RNI: 1,62, TTPA: 2,84 (razão), albumina: 1,6 g/dL, creatinina: 2,7 mg/dL, ureia: 84 mg/dL, PCR: 28 mg/dL, Ferritina > 1.000 ng/ml, triglicerídeos: 364 mg/dL, fibrinogênio: 334 mg/dL, reticulócitos: 23 mil. Adicionalmente, extensa investigação etiológica, levou a identificação do VDRL 1:32, Citomegalovírus sérico – tratados com penicilina cristalina, ganciclovir e antibiótico de amplo espectro para cobertura de sepse. Houve piora clínica progressiva, necessidade de suporte renal agudo (SRA) e alteração de provas hepáticas. O Mielograma exibiu exuberante infiltrado histiocitário, em franca atividade hemofagocítica. Estabelecido o diagnóstico de HLH (febre, esplenomegalia, bicitopenia, hiperferritinemia e hemofagocitose em MO), iniciado tratamento com dexametasona e etoposídeo, com excelente resposta clínica. O resultado da BMO e da core biópsia de linfonodo cervical, confirmaram o diagnóstico de Linfoma de Hodgkin Clássico, Esclerose Nodular (OMS- 2024), permitindo início do tratamento com quimioterapia - apenas 6 dias após início do tratamento HLH – sem ajuste de dose – esquema ABVD. Paciente recebeu alta, para seguimento ambulatorial.
DiscussãoEste relato demonstra o desafio diagnóstico da HLH, uma vez que os sintomas não são específicos e muitas características sobrepõe a outras condições graves. A conduta terapêutica escalonada, priorizando o controle da tempestade inflamatória, por meio do tratamento da HLH, permitiu instituição precoce da quimioterapia oncológica sem comprometer sua eficácia.
ConclusãoA HLH secundária ao Linfoma de Hodgkin, embora rara, exige suspeição clínica. A abordagem sequencial, garantindo estabilização clínica, possibilitou tratamento e controle imunológico prévio à quimioterapia oncológica.




