HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA retrovigilância é uma etapa crítica da hemovigilância, voltada à investigação retrospectiva de doações após a detecção de sorologias reagentes em doadores reincidentes. Situações como soroconversão tardia representam um risco potencial à segurança transfusional, especialmente quando hemocomponentes são liberados antes da confirmação sorológica final.
ObjetivosAvaliar a incidência de casos que exigiram retrovigilância em função de sorologias reagentes identificadas em doações posteriores e analisar os fatores contribuintes para essas ocorrências.
Material e métodosEstudo retrospectivo e descritivo com base nos registros do indicador “Taxa de Retrovigilância por Sorologia Reagente”, no período de janeiro a junho de 2025. Foram analisados os dados mensais de sorologias reagentes e os casos que demandaram investigações retroativas, de acordo com os protocolos da ANVISA.
ResultadosNo primeiro semestre de 2025, foram registradas 89 doações com sorologia reagente, com destaque para os marcadores anti-HBc, sífilis, HIV, HCV e HTLV. A taxa de retrovigilância variou entre zero e 2%. Três casos demandaram investigação retroativa: um em março (sífilis), um em maio (sífilis) e outro em junho (anti-HBc), totalizando dois eventos confirmados de soroconversão tardia. Em todos os episódios, os doadores apresentaram sorologias não reagentes em doações anteriores, sendo identificados como reagentes apenas em nova doação após o período de janela imunológica. Vale ressaltar que para fins de notificação no NOTIVISA, só devem ser considerados os casos de soroconversão para Anti-HIV; Anti-HCV; HBsAg, Anti-HTLV-1 e -2, Anti-HBc e NAT positivo e sorologia negativa para HIV, HCV e HBV.
Discussão e conclusãoAs investigações apontaram como principais causas a falha na identificação de comportamentos de risco durante a triagem clínica, possível omissão de informações por parte dos doadores e limitações dos testes sorológicos em estágios precoces da infecção. A retrovigilância foi eficaz na contenção dos riscos, com rastreamento dos hemocomponentes, avaliação da cadeia transfusional e notificações conforme protocolos. Constatou-se que a retrovigilância demonstrou-se fundamental para a segurança transfusional, permitindo a rápida resposta a casos de soroconversão. A ocorrência de eventos em meses específicos reforça a necessidade de qualificação contínua da triagem clínica, aprimoramento das estratégias de educação ao doador e uso criterioso de tecnologias laboratoriais. A manutenção da vigilância ativa e da análise periódica dos indicadores é essencial para mitigar riscos e fortalecer a confiança no sistema hemoterápico.
Referências:
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Manual de hemovigilância. Brasília: ANVISA, 2022. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). RDC n.° 34, de 11 de junho de 2014. Dispõe sobre as Boas Práticas no Ciclo do Sangue. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 111, p. 75, 12 jun. 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n° 158, de 4 de fevereiro de 2016. Redefine o regulamento técnico de procedimentos hemoterápicos. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 24, p. 34–37, 5 fev. 2016.
Oliveira LC de, et al. Hemovigilância e retrovigilância: revisão sobre a segurança do ciclo do sangue. Revista Brasileira de Análises Clínicas, Rio de Janeiro, v. 52, n. 1, p. 51–58, 2020.




