HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Leucemia Linfoide Aguda (LLA) é o câncer pediátrico mais comum, com taxas de cura superiores a 90% em países de alta renda. No entanto, em contextos socioeconômicos menos favorecidos, a sobrevida é menor chegando a 60% de cura.
ObjetivosAvaliar os resultados do tratamento da LLA Philadelphia negativo em crianças e adolescentes no Centro Infantil Boldrini, tratados conforme protocolo AIEOP BFM ALL 2009 modificado.
Material e métodosEstudo retrospectivo de pacientes entre 1 e 18 anos com diagnóstico de LLA de novo, negativos para t(9;22), tratados entre abril de 2018 e julho de 2025. A classificação de risco foi baseada na Doença Residual Mínima (DRM) realizada nos dias 15 e 33 e na semana 12 de tratamento. Foram analisadas as taxas de Sobrevida Global (SG), Sobrevida Livre de Eventos (SLE), taxa de óbitos na indução e em remissão.
ResultadosForam incluídos 336 pacientes, sendo 150 (44,6%) femininos e 186 (55,35%) masculinos. Quanto ao subtipo imunológico, 283 (84,2%) eram B-derivados e 53 (15,7%) T-derivados. Na classificação de risco das LLA-B, 198 (59,2%) foram baixo risco (BR-B) e 83 (24,8%) alto risco (AR-B), já na LLA T-derivada, 15 (4,4%) foram baixo risco (BR-T) e 38 (11,3%) alto risco (AR-T). A SG em 3 anos para toda a coorte foi de 88,6% e a SLE em 3 anos foi de 83,9%. Nos pacientes de linhagem B a SG foi de 91,1 % e a SLE de 86,8%. Quanto a derivação T, a SG foi de 74,2% e a SLE 65,4%. Segundo a classificação de risco, a BR-B teve 95,2% de SG e 91,7% de SLE, AR-B teve 82,3% de SG e 75,6% de SLE. Para as T-derivadas, a BR-T teve 100% de SG e 85,7% de SLE e a AR-T teve 66,9% de SG e 61% de SLE. A coorte de todos os pacientes de alto risco (imunofenótipos B e T) apresentou SG de 77,8% e SLE de 71,4%. Na fase de indução ocorreram 3 óbitos (0,89%) e 13 pacientes (3,86%) apresentaram óbito em remissão.
Discussão e conclusãoNeste estudo observamos taxas de SG e SLE inferiores às reportadas por grupos cooperativos europeus e norte-americanos no tratamento da LLA. Contudo, no subgrupo de BR-B, a taxa de SG observada em nossa coorte (95%) foi comparável ao grupo americano COG (Children´s Oncology Group) em estudo recém-publicado, cujo braço de tratamento baseado exclusivamente em quimioterapia convencional apresentou SG de 87,9%. Em relação ao grupo de alto risco, os dados publicados pelo consórcio AIEOP-BFM, referentes ao protocolo 2009, demonstraram SG de 84% e SLE de 75% no braço não experimental. Em nossa amostra, os pacientes desse mesmo subgrupo apresentaram SG de 77,8% e SLE de 71,4%. No contexto da LLA-T, nossas taxas de SG (74,2%) e SLE (65,4%) foram inferiores às reportadas pelo protocolo AIEOP-BFM 2009, que alcançou SG de 84,9% e SLE de 79,9%. Esses dados evidenciam que novas propostas devem ser feitas para os subgrupos T derivados. É importante destacar que a taxa de mortalidade durante a fase de indução foi inferior a 1%, valor comparável com os resultados obtidos pelos principais grupos cooperativos internacionais. Conclusão: Apesar das limitações socioeconômicas, é possível alcançar altas taxas de cura da LLA pediátrica no Brasil.




