HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO tratamento oncohematológico com medicamentos biespecíficos apresenta complexidades que exigem vigilância contínua e especializada para o manejo das toxicidades associadas. A atuação da Enfermeira Navegadora é fundamental, não apenas no suporte ambulatorial, mas também durante a internação, assegurando a continuidade e segurança do cuidado.
ObjetivosEste relato descreve a experiência do monitoramento realizado pela Enfermeira Navegadora ao longo de toda a jornada do paciente, desde a internação até o tratamento ambulatorial.
Material e métodosNo serviço de Oncohematologia, foi implantado um fluxo operacional integrado, intersetorial e multidisciplinar dentro do Programa de Navegação de Enfermagem, direcionado a pacientes em tratamento com terapias que utilizam medicamentos biespecíficos. O processo inicia-se com a solicitação médica do medicamento biespecífico, encaminhada à Enfermeira Navegadora, que acolhe o paciente, esclarece dúvidas sobre o tratamento, toxicidades potenciais e orienta quanto ao processo de cuidado. Logo após, a solicitação é formalizada e protocolada no serviço de farmácia. Paralelamente, a Enfermeira Navegadora monitora a jornada do paciente desde autorização a internação, junto à equipe de Enfermagem assistencial, monitorando o estado clínico, incluindo a Síndrome de liberação de citocinas (SLC), que é uma das principais toxicidades agudas associadas ao uso de medicamentos biespecíficos. Essa síndrome ocorre pela ativação intensa e descontrolada de células do sistema imunológico, especialmente linfócitos T. Clinicamente, a SLC se manifesta com febre, hipotensão, taquicardia, hipóxia, fadiga, mialgia e náuseas, podendo evoluir para disfunção orgânica grave se não for prontamente manejada. Geralmente, ocorre nos primeiros dias após a administração do medicamento e requer monitoramento contínuo e intervenção precoce. Após alta hospitalar o cuidado prossegue em nível ambulatorial, onde a Enfermeira Navegadora realiza contato monitoramento avaliando sintomas, adesão ao tratamento e manifestações tardias, orientando pacientes e familiares e mantendo vigilância constante. A sistematização desse fluxo permitiu uma integração eficiente entre as equipes, facilitou a comunicação e aumentou a segurança do paciente durante toda a jornada terapêutica com medicamentos biespecíficos.
Discussão e conclusãoA experiência reforça a evidência científica sobre a importância da Enfermeira Navegadora na minimização de complicações decorrentes de terapias complexas. Um fluxo operacional estruturado, aliado ao papel ativo do Enfermeiro Navegadora, possibilita a rápida identificação e intervenção precoce em toxicidades agudas, além do acompanhamento necessário para o manejo de efeitos tardios e promoção da adesão ao tratamento. A comunicação contínua e a educação ao paciente e familiares aumentam a segurança e a confiança no tratamento. A formalização e padronização do fluxo contribuem para a redução de falhas, otimização dos recursos hospitalares e melhor coordenação multidisciplinar. O papel da Enfermeira Navegadora ao longo da jornada do paciente oncohematológico é imprescindível para um monitoramento efetivo da toxicidade dos medicamentos biespecíficos. A condução assertiva do fluxo integrado e multidisciplinar promove segurança, adesão ao tratamento e melhores desfechos clínicos, evidenciando que a navegação é uma estratégia essencial na assistência oncológica.




