HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) é o tipo mais comum de linfoma não Hodgkin e pode se apresentar de forma nodal ou extranodal, sendo clinicamente heterogêneo. Ademais, a refratariedade e a recidiva tornam o LDGCB um desafio clínico significativo, urgindo a necessidade de exames, como o PET-CT com 18F- FDG, para, além do estadiamento inicial, acompanhamento pós-terapêutico. Apesar disso, o PET-CT não distingue malignidades de causas benignas de hipercaptação, dificultando a abordagem terapêutica.
Descrição do casoPaciente masculino, 39 anos, previamente hígido, apresentou quadro de perda ponderal significativa (5 kg em três meses), inapetência, dispneia aos esforços e ortopneia. A tomografia computadorizada (TC) de tórax evidenciou volumosa massa mediastinal. A biópsia da lesão confirmou o diagnóstico de LDGCB, estádio IIIB. O tratamento com o esquema R-CHOP foi iniciado e o paciente apresentou boa resposta clínica com TC, constatando regressão completa da lesão mediastinal e ausência de novos achados após a quimioterapia. Manteve seguimento ambulatorial com exames laboratoriais e de imagem, incluindo tomografias seriadas, sem sinais de recidiva ou novas lesões. Entretanto, depois de 2 anos de estabilidade, o PET-CT de controle revelou três linfonodos cervicais esquerdos com captação hipermetabólica (SUV máximo de 15,6), sugerindo recidiva. Apesar do achado, o paciente seguia assintomático e com exames laboratoriais dentro da normalidade. Diante da suspeita, foi indicado esvaziamento cervical de níveis II e III à esquerda. O estudo anatomopatológico, um mês após a cirurgia, revelou hiperplasia linfoide reacional, sem evidência de neoplasia. A imuno-histoquímica complementar foi negativa para marcadores de linfoma, confirmando o diagnóstico de linfonodos reacionais. Dessa forma, o achado hipermetabólico foi interpretado como falso-positivo no PET-CT, apesar do valor elevado de SUV.
ConclusãoA hipercaptação no PET-CT, com SUV elevado, gerou forte suspeita de recidiva, prontamente descartada pela biópsia, que revelou hiperplasia reacional. Este achado sublinha a limitação do PET-CT em distinguir malignidade e benignidade, expondo o risco de falsos positivos e intervenções desnecessárias. A ausência de sintomas e exames laboratoriais normais, neste contexto, reforça a necessidade de cautela na interpretação isolada do PET-CT. Ademais, a confirmação histopatológica é indispensável para o diagnóstico preciso, visto que altera abordagem terapêutica, contribuindo para um manejo adequado, reduzindo ansiedade e procedimentos invasivos desnecessários. A presença de foco hipermetabólico isolado em linfonodos cervicais ao PET-CT de controle em paciente com linfoma difuso de grandes células B representa um achado incomum, que exige avaliação criteriosa. É importante ressaltar que o PET-CT, apesar de ser um exame fundamental, isoladamente não define o manejo do paciente. Portanto, é imprescindível que a análise do PET-CT seja associada a outros métodos, como a biópsia, para guiar o tratamento.
Referências:
Hallack Neto AE, Foss H de F, Pereira J, Chauffaille ML, Lima CS, Buccheri V, et al. Estratificação de risco em linfoma difuso de grandes células B. Rev Bras Hematol Hemoter. 2006;28(4):296-300. doi:10.1590/S1516-84842006000400015.
Tokola S, Kuitunen H, Turpeenniemi-Hujanen T, Kuittinen O. Interim and end-of-treatment PET-CT suffers from high false-positive rates in DLBCL: Biopsy is needed prior to treatment decisions. Cancer Med. 2021 May;10(9):3035-44. doi:10.1002/cam4.3867. PMID: 33864374; PMCID: PMC8124106.




