HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Anemia Hemolítica Autoimune (AHAI) por autoanticorpos frios é uma condição rara, em que anticorpos IgM reagem em baixas temperaturas, com atividade térmica que pode se estender até 30 °C e ativar a via clássica do complemento, levando à hemólise intravascular. O diagnóstico é baseado em Teste de Antiglobulina Direto (TAD) positivo para C3d e presença de IgM no soro. Este relato aborda um caso de AHAI a frio em paciente idosa com desfecho desfavorável. O objetivo foi descrever as manifestações clínicas, os achados laboratoriais e imuno-hematológicos, ressaltando os principais desafios envolvidos no diagnóstico e na conduta terapêutica. O estudo foi conduzido por meio de revisão retrospectiva do prontuário hospitalar.
Descrição do casoEm 25/06/2025, paciente de 76 anos foi admitida com fadiga, astenia, inapetência e dispneia. Exames mostraram hemoglobina (Hb) de 4,9 g/dL, reticulócitos de 2,1% e LDH de 518 U/L, sem histórico de anemias ou transfusões. Solicitou-se transfusão de concentrado de hemácias. O TAD apresentou 3+ em anti-C3d e 1+ em monoespecífico. Autocontrole (AC), Teste Indireto (TI e TII) e Prova de Compatibilidade (PC) foram positivos (3+) em salina e negativos em antiglobulina humana (AGH), exceto a PC, que manteve 3+ em AGH. Os achados sugeriram AHAI a frio. Realizou-se teste de eluato com técnica de eluição ácida. O eluato testado contra painéis de hemácias resultou negativo tanto em salina quanto em AGH, não permitindo identificar autoanticorpos específicos. Após quatro dias, os testes apresentaram resultados positivos para AC, TI, TII e PC (4+ em salina) e negativos em AGH, reforçando o padrão imunológico da AHAI a frio. A paciente evoluiu com piora clínica e Hb de 3,9 g/dL, vindo a óbito antes de tentativa transfusional.
ConclusãoO caso evidencia a gravidade e rápida evolução da AHAI a frio em idosos, além de demonstrar a complexidade diagnóstica mesmo com testes especializados como Eluato. A ausência de detecção de autoanticorpos específicos reforça os desafios laboratoriais e clínicos para diagnóstico e manejo eficaz.
Referências:
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