A associação entre transfusões sanguíneas e dados clínicos de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca representa um tema de significativa importância na medicina cardiovascular. Essa relação abrange a análise de múltiplos fatores, incluindo o tipo de procedimento cirúrgico, as condições clínicas pré-operatórias, o volume de sangue transfundido e os desfechos pós- operatórios. As transfusões podem ser indicadas durante ou após a cirurgia com o objetivo de compensar perdas sanguíneas, otimizar a oxigenação tecidual e garantir a estabilidade hemodinâmica do paciente.

Analisar se há correlação entre variáveis clínicas de pacientes submetidos a cirurgia cardíaca, com dados referentes à transfusão sanguínea.

Foram avaliados 46 paciente (21 do sexo masculino) submetidos a cirurgia cardíaca em um hospital da cidade de Presidente Prudente-SP durante o primeiro semestre de 2025. Deste total, 20 pacientes receberam transfusão sanguínea e foram analisadas as seguintes informações: tipo de transfusão (Concentrado de Hemácias, Plasma fresco congelado, Concentrado de plaquetas e Crioprecipitado), quantidade de bolsas recebidas e tipagem sanguínea. As variáveis clínicas foram: Idade, sexo, tempo de permanência em: UTI e Enfermaria (Enf), Tempo de Cirurgia (TC), de Circulação Extracorpórea (CEC), Tempo de Pinçamento (TP) e Ventilação Mecânica (VM). As correlações foram feitas por meio do coeficiente de correlação de Spearman com significância de 5% e todas análises feitas no software SPSS versão 29.0. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa(CAAE: 79352924.7.0000.5515).

Foram observadas correlações estatísticas entre a quantidade de bolsas dos pacientes que receberam transfusão com as variáveis clínicas: Enf (r = 0,72; p = 0,004) e CEC (r = 0,60; p = 0,02), sendo que as correlações com TP e TC estiveram no limite da significância de 0,05.

Conclui-se que os pacientes do presente estudo que receberam transfusão sanguínea durante a cirurgia cardíaca foram os que tiveram maior tempo em circulação extracorpórea e tempo de pinçamento, além de permanecerem maior tempo internados em enfermaria. No entanto, não foi observado aumento do tempo de internação em UTI nem de Ventilação Mecânica (VM), indicando que, apesar de permanecerem internados por maior tempo e precisarem de maior cuidado durante o procedimento cirúrgico, indicado pelas correlações com o CEC e TP, tal fato não significou que sejam pacientes que apresentam maior risco cirúrgico, indicado pela ausência de correlação estatística com o tempo em UTI e em VM.