HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO descarte de hemocomponentes, especialmente o plasma, representa um desafio ambiental, econômico e social nos serviços hemoterápicos. Diante da baixa utilização transfusional e do alto custo para o manejo de resíduos infectantes, surge a necessidade de estratégias que otimizem recursos e ampliem a contribuição dos bancos de sangue para o sistema público de saúde, sobretudo por meio da produção nacional de hemoderivados.
ObjetivosImplementar uma mudança estratégica para reduzir o expurgo de hemocomponentes, especialmente plasma; contribuir com a cadeia produtiva de hemoderivados do SUS e fortalecer a sustentabilidade e qualidade dos processos hemoterápicos.
Material e métodosA mudança foi planejada e aprovada em comitê técnico, envolvendo os setores de coleta, produção, controle de qualidade, biossegurança e direção técnica. Foram realizados treinamentos, adequações operacionais e validações de processos conforme exigências da indústria. Estabeleceu-se parceria com a Octapharma e a Hemobrás, com envio mensal de plasma qualificado. Indicadores de qualidade e expurgo foram continuamente monitorados.
ResultadosEm 2023, das 9.955 bolsas de plasma produzidas, 8.663 (86,6%) foram descartadas. Após a implementação da mudança e início do fornecimento à indústria em 2024, houve aumento da produção para 15.183 plasmas, com redução do expurgo para 7.232 unidades (47,2%) e envio de 5.728 plasmas à indústria. Estima-se que esse volume permitiu a produção de 3.302 frascos de albumina, 1.320 de imunoglobulina, 303 de fator VIII e 605 de fator IX para o SUS. Houve melhora nos controles de qualidade dos hemocomponentes, com validações em todos os setores operacionais e introdução de novos indicadores tático-operacionais.
Discussão e conclusãoA certificação exigiu investimentos em infraestrutura, controle rigoroso de qualidade e reformulação de processos. Apesar da significativa redução do expurgo (40%), limitações como espaço físico e frequência de recolha ainda impactam a meta de redução de 70%. A análise de causa raiz apontou que o agendamento de recolhas está diretamente associado ao volume de descarte, sinalizando a necessidade de revisão logística. Evidenciou-se que a mudança resultou em melhoria da qualidade, redução de resíduos, contribuição para a produção nacional de hemoderivados e economia institucional.
Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução RDC n° 34, de 11 de junho de 2014. Dispõe sobre as boas práticas no ciclo do sangue. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 12 jun. 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. Portaria n° 158, de 4 de fevereiro de 2016. Regulamento técnico de procedimentos hemoterápicos. Brasília, DF: MS, 2016.
HEMOBRÁS – Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia. Relatório de Produção e Distribuição de Hemoderivados. Brasília, DF: Hemobrás, 2024. Disponível em: https://www.hemobras.gov.br/. Acesso em: 21 jul. 2025.
Ferreira MR, Dias JA. Gestão de estoques em hemocentros: uma revisão integrativa. Revista de Administração em Saúde, v. 22, n. 89, p. 55–62, 2022.
AABB – American Association of Blood Banks. Standards for Blood Banks and Transfusion Services. 32nd ed. Bethesda, MD: AABB, 2020. WHO – World Health Organization. Blood cold chain: guide to the selection and procurement of equipment and accessories. Geneva: WHO, 2021.




